quarta-feira, 16 de maio de 2012

Quanto mais pobre, menor é a confiança na polícia


A confiança do cidadão na polícia cai conforme o seu rendimento. Pesquisa nacional da Fundação Getulio Vargas (FGV), feita no primeiro trimestre deste ano e divulgada ontem, apontou que quanto mais baixa a renda da população menor é a confiança dela nas forças policiais. Segundo o levantamento, 77% das pessoas que ganham até dois salários mínimos (R$ 1.244), faixa salarial na qual se enquadram 46% dos brasileiros, não acreditam na polícia.
A FGV ouviu 1.550 pessoas em seis estados (Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e Pernambuco) e no Distrito Federal. Em termos gerais, a desconfiança na polícia é alta. Do total de entrevistados, 63% se declaram insatisfeitos ou muito insatisfeitos com a atuação policial.
Segundo Luís Flávio Sapori, ex-secretário da Segurança Pública de Minas Gerais, a pesquisa evidencia como a polícia trata de forma desigual as diferentes classes sociais. “A desconfiança dos mais pobres com os desmandos da polícia existe há décadas e isso é alimentado por uma polícia que entra nas comunidades apenas para atirar em traficantes”, analisa.
Paraná
É essa desconfiança que o programa Unidade Paraná Seguro (UPS) tenta reduzir a partir do conceito de polícia comunitária, explica o coronel Roberson Luiz Bondaruk, comandante da Polícia Militar no estado. “Dentro da proposta da UPS, vamos até as comunidades sem repressão e sem aquele conceito de ‘pé na porta’. Queremos um policial que seja reconhecido pelo nome”, afirma. O primeiro bairro curitibano a ganhar uma UPS foi o Uberaba, em março. Um mês depois foi a vez do Parolin receber sua unidade. Segundo o governo do estado, mais oito UPSs serão instaladas na capital até dezembro deste ano.
Apesar de apoiada por parte da população, essa ferramenta aplicada para melhorar os índices criminais no Paraná ainda não é unanimidade entre especialistas no assunto. “Tanto a UPS como a UPP (Unidade de Polícia Pacificadora, do Rio de Janeiro) são modelos militarizados para controlar determinadas comunidades. O Estado precisa estar presente nessas regiões com políticas sociais, papel que a polícia não pode assumir”, defende André Giamberardino, professor de direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e membro do Centro de Estudos em Segurança Pú­­blica e Direitos Humanos.

Fonte: RAPHAEL MARCHIORI - Gazeta do Povo

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