sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Projecto pioneiro de terapia de grupo para vítimas de violência doméstica será expandido a todo o país


As pioneiras terapias de grupo para vítimas de  violência doméstica tiveram resultados "muito positivos" e vão ser alargadas  pelo país, para combater uma problemática que em 2011 deu origem a 25.126  queixas-crime em Portugal, foi ontem anunciado.
O anúncio foi feito por Marlene Matos, coordenadora do projeto-piloto "GAM -- Grupo de Ajuda Mútua: Intervenção terapêutica em grupo com mulheres vítimas de violência na intimidade", a propósito do Dia Europeu da Vítima de Crime, que se comemora na quarta-feira.
Em dois anos, foram criados e implementados três grupos de ajuda na região Norte, que envolveram cerca de 30 mulheres, e a médio prazo pretende-se expandir o projeto para várias regiões do país, tal como previsto no IV Plano Nacional contra a Violência Doméstica.
Segundo Marlene Matos, as participantes revelaram melhorias a diversos níveis, nomeadamente na redução significativa da vitimação sofrida (física, psicológica, sexual), na diminuição da tolerância face à violência doméstica, no aumento significativo ao nível da autoestima e do apoio social e, ainda, uma redução da sintomatologia clínica inicial (sobretudo de natureza depressiva). "Os GAM foram importantes na vida destas mulheres. Revelam um elevado pragmatismo em prol do seu bem-estar físico e psicológico. Aliás, algumas participantes valorizaram tanto a experiência que mantêm ainda a rede de interajuda e o convívio regular com as restantes", explica.
O projeto resultou na formação e no treino qualificado de vários profissionais para o modelo de intervenção em grupo, que estão agora encarregues de disseminar geograficamente esta modalidade de apoio. Semanais e de 90 minutos cada, as sessões prolongarem-se por dois meses e tiveram como objetivos ajudar as mulheres a reconhecer o problema, reconhecer-se como vítimas de crime, aprofundar o seu conhecimento sobre as dinâmicas violentas, diminuir o impacto da violência nas diferentes áreas de vida e reduzir o isolamento social. "Procurou-se também oferecer encorajamento para a implementação de mudanças e proporcionar aprendizagens relevantes através da partilha com outras participantes", acrescentou.
Para uma disseminação mais eficiente do projeto GAM, a Comissão para a Cidadania e Igualdade do Género vai publicar brevemente um manual sobre a temática que pretende ser um instrumento prático de trabalho para orientar os profissionais da área na preparação, no planeamento e na implementação deste tipo de grupos.
Marlene Matos é coordenadora da Unidade de Psicologia da Justiça da UM, onde são realizadas peritagens forenses no domínio penal e civil e intervenções 
psicológicas com vítimas e agressores. A especialista tem vindo a desenvolver investigação nas áreas da Psicologia Forense e da Vitimologia, nomeadamente em violência doméstica, stalking e vitimação múltipla.

Dnotícias@pt. Actualizado em 21 de Fevereiro

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