sexta-feira, 26 de junho de 2009

A tragédia da droga

O mais recente drama familiar relacionado ao crack no Estado, no qual uma mãe presenciou um dos filhos matar o outro, dependente, para protegê-la, volta a chamar a atenção para tragédias às quais a droga costuma estar associada. O caso, registrado na pequena cidade de Nova Hartz, no Vale do Sinos, teve um desfecho típico dos episódios envolvendo esse derivado da cocaína. Escravizado pela droga, o dependente se torna a cada dia mais violento, a ponto de desbaratar o patrimônio da família e, em seguida, passar a agredir seus integrantes, incluindo irmãos e pais. No Dia Internacional contra o Tráfico e o Abuso de Drogas, lembrado hoje, a sociedade precisa se conscientizar da importância de não esperar outra tragédia para começar a fazer sua parte.

Às vésperas da data, a Organização das Nações Unidas (ONU) chamou a atenção para o aspecto de que drogas como o crack se disseminam em capitais e cidades médias brasileiras, alertando para falhas dos governantes no trato dessa questão de saúde pública. O relatório reafirma a falta de atenção adequada do poder público sob o ponto de vista da repressão ao tráfico. Ao mesmo tempo, demonstra a necessidade de mais eficiência nas campanhas de prevenção, uma questão absolutamente prioritária.

A divulgação do estudo coincide com um momento em que os dados parciais obtidos até 2007 indicam uma expansão acentuada no consumo de drogas como o crack, na comparação com o ano anterior. Num país com as características do Brasil, o combate às drogas precisa se mostrar eficiente sob o ponto de vista repressivo, mas particularmente no que diz respeito à prevenção. A estratégia é particularmente necessária no caso de produtos como o crack, pelos seus efeitos danosos à saúde dos usuários e pelo fato de as consequências se estenderem a familiares e pessoas mais próximas, como se confirmou em Nova Hartz.

Além de restringir a propagação do tráfico, o poder público tem o dever de assegurar condições para evitar o aumento do número de novos usuários. Mas a própria sociedade tem melhores condições de atuar de forma preventiva, colaborando para evitar que mais pessoas acabem comprometendo seu próprio futuro por conta da dependência.

Zero Hora. Editorial. 26/06/2009.

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