sexta-feira, 17 de abril de 2009

Prisões ruins criam bomba-relógio social, diz ONU




Há cerca de 30 milhões de pessoas detidas. Organização lidera uma campanha há 54 anos para melhorar as prisões

A disseminação do HIV pelo abuso de drogas é desenfreada nas prisões superlotadas ao redor do mundo, representando risco à sociedade quando os presos infectados são libertados, disse Antônio Maria Costa, chefe da agência da ONU responsável pela prevenção às drogas e pelo combate ao crime internacional, nesta quinta-feira (16).

Se as prisões são um reflexo da sociedade como um todo, "nós estamos vendo um desastre ao redor do mundo", afirmou Costa, ressaltando que as prisões de baixa qualidade são uma das maiores preocupações do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC, na sigla em inglês).

Há cerca de 30 milhões de pessoas detidas, disse o UNODC, e a disseminação do HIV pelo uso de drogas nas prisões é um problema grave.

Costa advertiu sobre uma bomba-relógio quando grandes números de presos infectados forem libertados.

"Isso é uma bomba para a saúde por causa do HIV que eles levam junto e isso é uma bomba porque as prisões são universidades para criminosos", disse ele em uma entrevista coletiva.

Costa afirmou que o problema da superlotação nas prisões é especialmente ruim na África e na América Central, onde ele visitou algumas prisões abrigando até dez vezes mais presos do que a sua capacidade.

Uma prisão visitada por ele em Porto Príncipe, no Haiti, continha por volta de 4 mil prisioneiros, mas havia sido construída para abrigar 420. "Os presos tinham de ficar de pé porque as celas eram muito lotadas e não tinham lugar para dormir. Em outros países, as prisões abrigam de duas a três vezes mais prisioneiros do que deveriam", afirmou Costa.

Ele disse que a crise econômica global já está reduzindo a velocidade da construção de prisões e que não está otimista de que as condições melhorem tão cedo.

"O dinheiro para as prisões é limitado em todo o mundo...a prioridade é dada às crianças, à educação, à saúde e aos idosos."

A ONU lidera uma campanha há 54 anos para melhorar as prisões, desenvolver padrões de como elas devem ser dirigidas e de como os presos devem ser tratados com diretrizes sobre alimentação, abrigo e vestimentas.

Costa afirmou que a ONU precisa estimular os países a seguir essas diretrizes e buscar alternativas à prisão para crimes menores a fim de reduzir a superlotação.

Gazeta do Povo.


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