quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Uma mulher é agredida a cada cinco horas em Maringá

Lei Maria da Penha estimula as mulheres a denunciarem as agressões. Delegada recomenda que as vítimas se afastem do agressor e procurem ajuda.

A cada cinco horas, uma mulher é agredida em Maringá. Segundo a Delegacia da Mulher, em 2008 foram registrados 1.735 Boletins de Ocorrência (BOs) e instaurados 541 inquéritos policiais. Em 2007, foram feitos 1.759 BOs, com 166 inquéritos.

“Em 2008, as mulheres deram mais continuidade aos processos”, diz a delegada Paula Francinete Rodrigues Nunes sobre o aumento de inquéritos de um ano para o outro. Ela destaca que não é possível investigar todos os casos. “Há casos em que as denunciantes querem apenas registrar o boletim de ocorrência, porém nada se dá por encerrado”, explica. Em muito casos, conforme a delegada, as mulheres acabam voltando para denunciar novas ocorrências ou pedir a continuidade do processo. De acordo com Paula, a Lei Maria da Penha manda que se abra o inquérito em todos os casos de agressão, mas são priorizados apenas os mais graves, de agressão e ameaça de morte. “Mas antes [da Lei Maria da Penha], era lavrado um termo circunstanciado, o que agilizava e abreviava o processo”, diz a delegada. A delegacia não tem estrutura para investigar todas as queixas.

Na avaliação da delegada, a lei acaba incentivando as denúncias. “Ninguém gosta de apanhar”, diz ela ao ser questionada sobre casos em que mulheres sofrem violência por anos seguidos. “A mulher tenta solucionar os problemas. O homem consegue deixar os problemas de lado com mais facilidade”, afirma sobre as diferenças entre homens em mulheres dentro de um relacionamento e as visões muitas vezes machistas que permeiam a vida de um casal. “É uma concepção histórica e cultural que está mudando”, completa. Há alguns anos, as mulheres se sentiam dependentes dos homens. “Hoje, não vejo a questão financeira como algo primordial, acho que é uma questão cultural”, analisa

O conselho da delegada para as mulheres que sofrem violência é para que se afastem do agressor e denunciem. “Não vejo outra alternativa a não ser sair do local. Às vezes a separação do casal resolve, mas em muitos casos é preciso que procurem a polícia”, diz.

Para Maria Cecília Esteves Rosa, advogada e gerente do Centro de Referência e Atendimento à Mulher Maria Mariá (Cramm), em Maringá, a mulher que sofre violência tem a auto-estima comprometida. “A maioria das mulheres é dependente financeira e emocionalmente do marido. Ela é também muito romântica e acredita que o marido vai mudar o comportamento um dia”, afirma ela aconselhando a denúncia em casos de agressão. “Elas não podem pensar que vão mudar o mundo”, acrescenta.

O Diário do Norte do Paraná.

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