sexta-feira, 24 de outubro de 2008

"A paixão por aquilo que se faz é fundamental"

Com 27 anos de atuação na área publicitária, Roberto Justus é uma figura em ascenção na televisão brasileira. Reconhecido homem de negócios, tem se destacado no comando do programa "O Aprendiz", da rede Record. Formado em Administração de Empresas pela Universidade Mackenzie, é líder de um grupo de comunicação responsável pela publicidade de empresas como Bradesco, Casas Bahia, Colgate-Palmolive, Danone, Nova Schin, LG, UOL, Vivo e TAM.

Uma experiência profissional ímpar, que compartilhou com comerciantes e autoridades maringaenses, na noite da quarta-feira passada, por meio da palestra "A importância de empreender". Também falou à imprensa. O Diário separou para esta edição o melhor da entrevista coletiva , confira.

O DIÁRIO - No programa "O Aprendiz", o senhor utiliza muito a frase "você está demitido". Na política brasileira, quem o senhor demitiria? Por quê?
ROBERTO JUSTUS - Não gosto dessa frase, prefiro contratar. Graças a Deus a demissão que faço é mais simbólica que verdadeira, primeiramente porque eles não são meus funcionários, mas concorrentes a serem meus sócios, como foi nos dois últimos programas. Quanto à política brasileira, existem boas e más pessoas. Seria uma deselegância muito grande, num clima tão bacana que encontrei em Maringá, eu ficar citando nomes. Infelizmente, ainda temos candidatos que foram condenados no passado e que tentaram ser prefeito e vereador. Demitiria bastante gente que tem atitudes com as quais não concordo, mas admitiria muitos outros.

E qual figura política o senhor citaria como exemplo positivo?
Começaria elogiando o presidente Lula, que surpreendeu a todos desde o início de seu governo (em 2002). Ele deu continuidade ao projeto do Plano Real, que estabilizou nossa economia e trouxe um período de bonança muito grande para o Brasil. O presidente Lula teve a humildade de entender que precisava de gente competente ao lado dele, como o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, para fazer um bom trabalho. Inclusive, adoraria que o Meirelles um dia fosse presidente do Brasil.

O que o senhor diria aos empresários maringaenses. O momento econômico é de pânico?
Muitas empresas perderam dinheiro, ousaram onde não precisaria, foram gananciosas. O mercado em geral está bom. Meus clientes são lucrativos, o Bradesco vai de novo apresentar um resultado expressivo, seus concorrentes também. A Casas Bahia é outro bom exemplo. Acompanhando meus clientes, vejo que o mercado vai ficar mais difícil em 2009, mas não acredito muito nisso (que haja motivos para pânico).

Qual sua avaliação sobre o sistema financeiro no Brasil no momento?
Graças a Deus está sólido, não alavancado e com os pés no chão. Vai sentir um pouquinho porque a contaminação da crise é mundial. O sistema financeiro do Brasil está muito sólido e saudável. Em qualquer outro tempo, uma crise como essa teria nos derrubado. Com as reservas acima de US$ 200 bilhões e sem dívidas externas em dólar, o Brasil nunca esteve tão bem preparado.

Na sua palestra, o senhor citou dez características fundamentais para um empreendedor. Qual daqueles conselhos é o principal para o jovem empreendedor?
A paixão por aquilo que faz é fundamental. O jovem que começa a vida como empreendedor tem de encontrar alguma coisa em que ele acredita que vai ser feliz. E caráter, ser bom caráter é uma qualidade que não deveria estar nos meus dez itens. Se morasse na Suíça, não estaria na lista, porque os caras lá são éticos e tratam uns aos outros com grande respeito. O cara levanta no bonde para a senhora sentar, não fala alto, não fuma onde não pode fumar, não faz malandragem. Infelizmente ainda temos pouco disso.

O empreendedorismo é uma característica nata ou a pessoa desenvolve ao longo da vida?
Em uma palestra minha a primeira pergunta é se você nasce líder. Acho que não, embora você possa ter características de líder. Quando era pequeno, queria ser o representante de classe, a bola sempre estava comigo, queria convencer os colegas das coisas, mas acho que desenvolvemos esse tipo de características. A pergunta é interessante e tenho quase certeza de que a gente não nasce com isso.

Qual sua expectativa para "O Aprendiz 6, o universitário"?
Estou na dúvida do que vai acontecer, o que é fascinante. Vamos colocar esses universitários no mesmo universo que os caras formados e pós-graduados nos Estados Unidos estiveram. Não sei o que vai acontecer numa sala de reunião, em que minha diferença de informação para eles é muito maior do que com alguém que tem mais experiência. Em relação ao mundo universitário e o quanto ele nos deve, "O Aprendiz 6" vai ser um serviço para a nação.

O senhor tem feito grande sucesso como apresentador de tevê. Espera conseguir o mesmo como cantor?
Não tenho a menor pretensão, tanto que o produto que criamos é um mix de palestra com show. Gosto de contar histórias e cantar. É um produto diferente, não pretendo concorrer com o Fábio Jr, mas pretendo melhorar cada vez mais. A música é algo fascinante e quebra o clima de um jeito tão legal, como aconteceu hoje. Tenho sempre meu playback comigo. Canto por prazer e se o resultado for bom ficarei feliz.

O Diário do Norte do Paraná.

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