sexta-feira, 17 de outubro de 2008

O JORNAL RACISTA
Negros só nas páginas policiais e marginais na escola


Depois de passar a semana demonizando alunos, famílias e comunidades ligadas à escola pública, o jornal Estado de Minas comunica que encerrou a série Violência na Escola.
Através de carta, uma professora parabenizou o jornal dizendo que eles fizeram mais pela classe do que as costumeiras greves.
É verdade, professora. Depois desse massacre, vocês podem deitar e rolar, pois toda a responsabilidade da escola é dos alunos, pais, famílias e comunidades.
“Dessa gentalha”, como diz D. Florinda.
Entre tantos questionamentos, e se fizesse todos não daria conta neste espaço, eu indagaria ao jornal Estado de Minas: por que todos os “alunos marginais” apontados pelo jornal são negros?
Leio esse jornal há anos e, por dever de ofício, engulo até as páginas de colunas sociais, nas quais nunca vi a foto de um negro.
Não há negros em Minas Gerais? É maioria, e o jornal lhes dá intensa cobertura, é só entrar nas ocorrências policiais e, agora, nesta matéria sobre “alunos violentos e marginais” na escola.
Aguardemos agora uma outra série mostrando o lado dos alunos. Ou o jornal Estado de Minas não pratica o bom jornalismo, só vê um lado?
O lado da supremacia branca e endinheirada que governa este estado.

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APELO
Faço um apelo aos grupos: me ajudem. Precisamos reagir ao massacre de negros e populações empobrecidas de Minas Gerais.
O jornal Estado de Minas, o mais lido no estado, passou a semana publicando matérias estigmarizando os alunos de escola pública como marginais que devem ser expulsos e entregues à polícia.
Como professora estadual aposentada, sou testemunha do quanto isso é uma falácia, mais um instrumento da classe dominante para excluir esses segmentos de oportunidades iguais através da escolaridade.
É o contrário: as crianças pobres e mais se forem negras são massacradas dentro da escola. Já ouvi várias crianças e adolescentes negros se queixarem de serem chamados de "macacos" pelos professores.
Já li na comunidade "Professoras assassinas" no Orkut (atualmente, mudaram o nome para "Professores sofredores") uma professora declarar que diz aos alunos que quer mais é que eles fracassem para ter menos candidatos concorrendo com seus filhos e sobrinhos, ainda mais agora com o sistema de cotas (palavras dela).
Divulguem esse verdadeiro holocausto. Trabalho também com a população carcerária e vou assistindo a esses meninos mais tarde irem parar nas prisões onde, lá sim, são recebidos de "celas abertas".

Deixo aqui meu nome e todas as minhas referências, podem usá-los à vontade na divulgação.
Já sou idosa e condenada pela justiça por lutar em defesa dos oprimidos. Não tenho medo deles, ao contrário, o que mais podem fazer é me matar, e este risco faz parte da minha luta. Como no poema do escritor palestino Muin Bsaisso:
Resista
Sacudiram um papel e uma sentença
Diante do meu nariz
Me jogaram a chave da minha casa.
O papel que me condenava
Dizia: resista!
A sentença que me oprimia
Dizia: resista!
A chave da minha casa
Dizia: por cada pedra
De tua pequena casa: Resista!
Uma batida na parede
E a mensagem que chegava através dela
De uma mão mutilada, dizia: resista!
As gotas de chuva
Sobre o telhado da sala de tortura
Gritavam: resista!


http://gloria.reis.blog.uol.com.br/

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