quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Máfia quer matar autor de ''Gomorra'' até o Natal

Sucesso de livro irritou a Camorra

A polícia italiana está averiguando notícias segundo as quais a máfia napolitana pretende levar a cabo sua ameaça de, até o Natal, assassinar o autor do livro Gomorra, no qual ele aborda a brutalidade dos mafiosos. O livro foi transformado em um filme de grande sucesso.

O escritor, Roberto Saviano, de 29 anos, vive escondido, sob a proteção de agentes policiais, há dois anos - desde que a Camorra, como a organização mafiosa é conhecida em Nápoles, decidiu puni-lo pelo enorme sucesso do livro, que teve como base as investigações realizadas pelo autor.

Um milhão e duzentos mil exemplares foram vendidos na Itália e o livro foi traduzido para 42 idiomas.

Agora que a obra foi levada para o cinema e o filme é um dos candidatos ao Oscar, a máfia está ainda mais irritada e quer que Saviano e seus guarda-costas sejam mortos o mais breve possível.

"Iniciamos uma investigação para saber se essa notícia tem um fundo de verdade", disse Franco Roberto, coordenador do esquadrão especializado em operações antimáfia da polícia de Nápoles.

Jornais italianos informaram que o conhecido clã mafioso dos Casalesi - que recentemente esteve no noticiário por causa do assassinato de seis africanos, dando início a distúrbios que envolveram também outros grupos de imigrantes - partiu para uma fase mais "operacional" e assumiu a missão de assassinar Saviano até o Natal.

A denúncia partiu de um informante relacionado com o chefão da Camorra preso, Francesco Schiavone, conhecido como "Sandokan".

A Camorra tem seus tentáculos em todas as áreas de Nápoles e seus subúrbios.

A organização costuma atuar em operações criminosas que vão desde a venda de proteção por meio de extorsão ao tráfico de drogas, passando até pela coleta do lixo, como Saviano revela com detalhes no seu livro.

Com a cabeça raspada, barba escura, olhar penetrante e camiseta preta, Saviano tornou-se o símbolo da luta contra o crime organizado para a nova geração de italianos.

Segunda-feira ele completou dois anos vivendo sob escolta policial. No mesmo dia, falou num programa de rádio sobre sua relação com os policiais que têm sido sua única companhia desde que foi obrigado a abandonar sua casa.

"Meus dias são terríveis", disse Saviano, que passa parte do seu tempo lutando boxe com membros da sua escolta, que às vezes o tratam como "Capitão".

O escritor disse que são as milhões de pessoas que compraram o livro que realmente preocupam a máfia.

"Foram os leitores que assustaram os chefões do crime e não eu", disse Saviano.

Alguns políticos insistiram para o público italiano manifestar sua solidariedade para com o escritor.

"Ninguém deve tocar em Saviano", disse a ex-ministra Giovanna Melandri, denunciando a Camorra como "um dos principais cânceres que assolam nosso país".

Estadão.

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