segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Cidade mineira tem um assassinato a cada meio século

Moradores podem deixar a janela aberta sem medo da violência.
Policiais nunca tiveram de usar armas contra um criminoso.

Na maioria das cidades brasileiras, a população se preocupa com crimes e violência. No entanto, há localidades em que os moradores conseguem levar uma vida tranqüila mesmo com as portas abertas.

De acordo com o Ministério da Justiça, o município de Maria da Fé, no sul de Minas Gerais, registra um assassinato a cada meio século. A delegacia da cidade não tem sequer cadeia. O policial nunca precisou sacar a arma para um criminoso.

Ao contrário do que acontece em cidades grandes, onde muita gente vive atrás de muros e grades, o que assusta é a temperatura baixa. Alguns juram que até neve já caiu na cidade. “Hoje está meio frio, e a gente fecha a janela, do contrário fica aberta mesmo porque não tem problema”, conta uma moradora da cidade.

Celas viram depósitos

Em Senador Sá, no interior do Ceará, a 300 quilômetros de Fortaleza a polícia se orgulha de que, no município, não existe nem ladrão de galinha. “São só embriaguez e desordem, coisa muito simples. Nem o tradicional furto de galinha existe em Senador Sá”, diz o policial Reginaldo Santos.

Já em Alfredo Wagner, um pequeno município do interior de Santa Catarina, a delegacia tem duas celas, mas é tão raro alguém ser preso na cidade que elas viraram depósito. Como não acontecem grandes crimes, o policial ocupa o tempo dando conselhos para ajudar a resolver a vida dos outros.

Nas ruas, donos deixam os carros abertos e ninguém mexe. Ciclistas deixam as bicicletas encostadas em postes, mas ninguém leva.

“Se é uma cidade muito pequena, não temos uma sociedade de indivíduos anônimos. Temos muito mais uma comunidade de pessoas que se conhecem. Esse conhecimento significa controle, menos violência, mais segurança. Mas por outro lado significa menos liberdade, menos privacidade”, comenta o sociólogo e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Luiz Eduardo Soares.

Viver assim, longe da cidade grande, tem seu preço, mas parece que muita gente pelo Brasil anda disposta a pagar.

G1.

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