quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Brasileiro vive para pagar impostos

Estudo mostra que impostos e serviços que deveriam ser oferecidos pelo governo custam nove meses de trabalho
Curitiba - A classe média trabalha 75% do ano para pagar tributos e serviços que deveriam ser oferecidos pelo governo como saúde, educação, segurança, previdência e pedágios. Os dados fazem parte do estudo ''Dias trabalhados para pagar tributos e a ineficiência governamental'' elaborado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT).

O levantamento aponta que a classe média trabalhou até 5 de junho somente para pagar tributos e de 6 de junho a 30 de setembro para adquirir serviços privados. Essa camada da população está trabalhando dois dias a mais em 2008 em relação a 2007 para pagar impostos - um dia para tributos e um dia para serviços privados. ''O cidadão da classe média brasileira só começou a trabalhar para comer, se vestir, morar, adquirir bens, gozar férias e fazer alguma poupança a partir de 1º de outubro, neste ano'', destaca o presidente do IBPT, Gilberto Luiz do Amaral.

O diretor técnico do IBPT, João Eloi Olenike, disse que o brasileiro (considerando todas as faixas de renda), trabalhou até 27 de maio só para pagar impostos, o que significa uma fatia de 40,51% sobre o rendimento médio anual das pessoas. Já a tributação sobre a classe média sobe para 42,83% do rendimento. O brasileiro em geral trabalhou 148 dias só pagar tributos e classe média 157 dias.

O levantamento foi realizado por faixa de renda. Para fins tributários, considerou-se a faixa mensal de rendimento de até R$ 3 mil (classe baixa), de R$ 3 mil a R$ 10 mil (classe média) e acima de R$ 10 mil (classe alta).

Olenike disse que a população tem que pagar os tributos e a ineficiência do governo. ''Aumentam a arrecadação (de impostos) e a ineficiência'', afirmou. Segundo ele, a carga tributária geral do Brasil chega a R$ 1,40 trilhão ao ano.

Os gastos com serviços privados vêm aumentando ano a ano e comprometendo cada vez mais o orçamento das famílias. A partir de 2005, também foram incluídos os gastos com estradas privadas (pedágio) que atinge o bolso de forma direta ou de forma indireta, no custo embutido no valor dos fretes que repercute na circulação de bens e serviços.

O brasileiro, na média geral, compromete 17,31% do rendimento anual para gastos com serviços privados como saúde, educação e segurança o que equivale a 63 dias de trabalho. Para a classe média, o comprometimento é de 32,07% do rendimento, o que significa 117 dias de trabalho. ''A classe média compromete mais a renda com serviços particulares'', disse.

Na década de 70, a classe média comprometia 7% para a aquisição de serviços privados. Em 2008, este índice atingiu 32%. O que chama atenção na pesquisa é que os gastos que mais cresceram proporcionalmente foram com segurança privada (a classe média tem que trabalhar 18 dias do ano para pagar estes custos - um dia a mais que em 2007). Olenike destacou que houve aumento na violência e o governo não supre a necessidade de segurança e da educação.

Ele explicou que na década de 70 não existiam tantas escolas particulares, a população buscava mais a saúde pública porque não havia tanta falta de postos de saúde e médicos. As pessoas também não tinham necessidade de contratar tanto os serviços de segurança. ''A arredação aumentou mas não proporcionalmente à qualidade dos serviços'', destacou. Olenike lembrou ainda que a carga tributária alta gera aumento da pirataria e da sonegação fiscal.

Folha de Londrina.

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