quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Os desafios para os novos advogados

O bacharel em Direito que opta pela advocacia precisa enfrentar um mercado competitivo, mas também tem boas perspectivas.

Concursos públicos cada vez mais têm sido a opção profissional dos formandos em Direito, atraídos por fatores como estabilidade e bons salários, além da própria atuação em cargos como promotor de Justiça e delegado da Polícia Federal. Mas ainda há quem opte pela tradicional advocacia. Para estes, embora os desafios sejam inúmeros (a começar pelo exame da OAB), as perspectivas também são boas.

O coordenador adjunto do curso de Direito da Universidade Norte do Paraná (Unopar), Luciano Teixeira Odebrecht, lembra que cada vez mais o brasileiro tem se conscientizado e buscado na justiça a solução de vários problemas que antes eram deixados de lado. As mudanças na sociedade também criam novas especialidades, e o resultado é uma crescente demanda por advogados nas mais diversas áreas.

''Propriedade material, fusão e incorporação de empresas, relações comerciais externas, sistema financeiro imobiliário, contratos eletrônicos, direitos autorais, direito bancário, responsabilidade civil do médico, direito consumerista e direito esportivo são alguns exemplos dessas novas áreas, em que há uma certa carência'', aponta Odebrecht.

Além disso, o coordenador ressalta que houve uma ampliação das relações de consumo, e que o Direito acompanhou essa mudança. ''Hoje em dia, é possível ganhar mais que antigamente, os valores estão mais vultuosos.''

Mas Odebrecht observa que, para um advogado recém-formado, a maior dificuldade é a sobrevivência no mercado. ''Por isso a tendência é buscar um retorno rápido, nas áreas criminal e trabalhista, por exemplo'', afirma. Como os clientes costumam procurar profissionais mais experientes, o coordenador sugere que o novato procure começar a trabalhar com quem já tem uma certa experiência. ''Hoje, dificilmente o advogado que começa do zero e sozinho consegue se manter. A dica é entrar em escritórios maiores. Por isso é importante fazer estágio desde o 4º ou 5º semestre, para não ficar alheio ao mercado'', recomenda.

A concorrência também exige um maior preparo do profissional. Para Odebrecht, o ideal é que o advogado tenha uma boa formação genérica e uma área de especialização. ''Se você é advogado empresarial, tem que conhecer o Direito Trabalhista, Tributário e do Consumidor, por exemplo. E não pode parar jamais de estudar'', ensina, acrescentando que é preciso também entender de economia, política e ter uma boa base de conhecimentos gerais.

Outros pontos positivos são falar mais de um idioma, ter bons conhecimentos de informática e dominar a língua portuguesa. ''Se não tiver toda essa flexibilidade, fica difícil sobreviver no mercado de trabalho, que, assim como em outras áreas, está bastante competitivo'', recomenda.

Uma boa formação básica em Direito também facilita a vida de quem não pretende ficar preso a um único segmento. ''Com os cursos de especialização, se ele tiver uma boa formação genérica, rapidamente consegue transitar de uma área para outra. Mas é preciso se antecipar. Ter visão, identificando novos nichos de mercado, saber o que quer e ser pró-ativo'', ressalta.

O conhecimento em diversas áreas, não apenas dentro do Direito, e o aprendizado com profissionais mais experientes também são dicas dadas pelo advogado Rafael Mazzer de Oliveira Ramos, que atua nas áreas tributária e empresarial. Para Ramos, o mercado não está saturado, mas é preciso mostrar serviço e ganhar a confiança do cliente. ''A indicação é o melhor marketing que temos'', sugere, ressaltando que, por isso, é preciso ter cuidado ao prometer resultados para o cliente, assegurando algo que depende também de outros fatores. ''Isso pode minar a credibilidade do profissional e de toda a categoria. É preciso ter em mente que todo e qualquer ato deve ser pautado pela ética profissional'', conclui.

Folha de Londrina.

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