sábado, 13 de setembro de 2008

Como combater a violência na escola?

Especialistas acreditam que a criação de vínculos com os alunos e inclusão social diminuem a possibilidade de problemas

Trabalhando há 15 anos como professora, destes há 10 anos lecionando para 5ª e 6ª séries do ensino fundamental, a professora de Geografia Maria Gorete Struza, 45 anos, passou em maio deste ano por uma situação que jamais havia imaginado. Ela foi agredida por um aluno dentro da sala de aula.

"O aluno estava falando palavrões de baixo nível na sala. Pedi para parar e ele disse que não ia parar porque eu não mandava nele. Aí mandei o aluno sair da sala, ele disse que não sairia. Quando cheguei perto para falar com ele, fui agredida com uma caneta no braço esquerdo, na altura do antebraço. Foi muito fundo o machucado, tenho a marca até hoje", lembra. Além da marca no braço, a professora leva até hoje a dúvida sobre como deveria ter reagido. Ela conta que registrou queixa na Delegacia do Adolescente, mas não sabe se deveria ter ido adiante. "Foi uma experiência horrível, tanto a agressão como ter que ir na delegacia, fazer corpo de delito", lembra.

O aluno, que estuda na 5ª série, continua frequentando as aulas de Maria Gorete e ela tenta manter com ele uma relação de respeito. "Se ele me pergunta com jeito, eu respondo numa boa", diz.

Com a professora de Português Aline Colares de Souza, 24, a agressão não chegou à violência física, mas verbal, o que ela afirma ser muito comum. "O aluno estava atrasado para a prova, chegou chutando a porta e a deixou aberta. Pedi para ele fechar a porta, ele fechou, mas amassou a prova e me xingou", conta. "Nos mandar tomar ‘naquele lugar’ é a mesma coisa que dizer bom dia", complementa.

Os professores reclamam das constantes agressões verbais, ameaças, casos de violência física contra professores e entre os próprios alunos e ainda a destruição do patrimônio da escola.

Nem tudo está perdido

Para o pedagogo da Secretaria de Estado da Criança e Juventude (SECJ) e vice-diretor do Colégio Estadual Helena Kolody, em Colombo (Região Metropolitana de Curitiba), Fábio Cunha, o primeiro passo no combate à violência em sala de aula pode vir do próprio professor. Ele afirma que o docente precisa ver que "a indisciplina é o efeito de uma causa", muitas vezes provocado pela violência na sociedade e na família. "O adolescente está em uma condição peculiar de desenvolvimento, temos que entender o adolescente e seu contexto", afirma.

"Podemos reverter, mas sem trabalhar na indisciplina", sugere. Cunha acredita que o ideal é estimular o aluno mostrando o papel da escola não apenas como transmissor de conhecimento, mas sim que na escola o jovem pode encontrar uma possibilidade de profissionalização e inclusão social. Mas o professor não é o único agente de transformação. É necessário o envolvimento da comunidade escolar e principalmente da família para o combate à violência na escola.

Como muitos professores se sentem perdidos em como lidar com esta situação, o Núcleo Regional de Educação, com atuação em Curitiba, realiza capacitações sobre o combate à violência em sala de aula. Profissionais e especialistas da área orientam os professores com base nas dificuldades encontradas pelos docentes.

Servço:

O próximo encontro do "Seminário sobre enfrentamento à violência e indisciplina" será realizado no dia 25 de setembro, das 8 horas às 12 horas, no Colégio Estadual do Paraná. Mais informações pelo telefone (41) 3901-2869.

Folha de Londrina.

Um comentário:

Anônimo disse...

bom, sou normalista e me assusto com os problemas de violência dentro da sala de aula, mas como aluna reconheço o que nos aborrece em um professor.
na minha opinião o professor deve ser um educador ou seja procurar olhar para seus alunos, tentando entende-los, fazendo com que marque suas vida, ensinando com amor, com vontade. dando a eles confiança!!!

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