sábado, 9 de agosto de 2008

Artigo: Variações sobre as drogas ilícitas

Discutir a temática acerca das "drogas ilícitas" é algo necessário no contexto atual da sociedade brasileira, já que afeta, de uma maneira ou outra, o Estado e a sociedade em geral, sobretudo em virtude do aumento da violência, da corrupção e da criminalidade. Desse modo, é preciso analisar e discutir com seriedade, para um melhor enfrentamento do problema atinente a temática.

Segundo o Relatório Mundial sobre Drogas do Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC ), de 2008, mais de 200 milhões de pessoas usam drogas ilícitas em todo o mundo, isto representa 4,8% da população global entre 15 e 64 anos. A metade usa drogas pelo menos uma vez ao mês.

Hoje, o mundo tem cerca de 26 milhões de dependentes químicos, o equivalente a 0,6% da população mundial. As drogas ilícitas matam cerca de 200 mil pessoas por ano em todo o mundo.

Ainda, segundo o relatório, o Brasil lidera índice preocupante no mercado mundial, com o aumento do consumo de cocaína, maconha e ecstasy.

O Brasil é o segundo maior mercado das Américas (só perde para os Estados Unidos), com 870 mil usuários e o consumo aumentou de 0,4% para 0,7% entre pessoas de 12 a 65 anos, no período entre 2001 e 2004. O estudo mostra que as regiões Sul e Sudeste do País reúnem o maior número de consumidores de cocaína.

Esses dados mostram que a problemática das drogas ilícitas está longe de ter um fim e as atuais "políticas de drogas" são um fracasso.
Na minha opinião, quanto ao uso, que se deve a muitos fatores, é irrelevante o fato da droga ser legal ou ilegal, o uso ser crime ou não, o usuário continuará usando. O acesso às drogas está cada vez mais fácil. A droga está aí para quem quiser, haja ou não restrição. Isto não vai mudar.

Agora, a proibição é um grande aliado do tráfico, por isso, a melhor solução no momento seria a legalização das drogas ilícitas, pois reduziria os preços e, por conseqüência, o interesse pela produção e oferta. A redução da oferta, por sua vez, poderia reduzir também a demanda e o número de usuários, bem como a violência resultante do tráfico.

Num mercado legal como é o do álcool e do tabaco, as disputas se resolvem dentro da lei. No mercado ilegal, as disputas comerciais e econômicas se resolvem na base da força, da violência. Não é à toa que aproximadamente 15 mil jovens brasileiros perdem suas vidas anualmente por causa do tráfico de drogas.

Por não ousar tratar da legalização do uso, da produção e do comércio de drogas, o Brasil continuará tentando sobreviver com esta problemática. Uma das possíveis soluções, a curto prazo, por meio de investimentos adequados em programas integrados, é educar a população sobre as conseqüências advindas das drogas (atenção e prevenção) e oferecer bons serviços de tratamento para os usuários e dependentes que estão interessados em se livrar da droga (tratamento e recuperação). Mas fica a provocação: quais são as soluções para o enfrentamento deste flagelo social?


Artigo Publicado por Neemias Moretti Prudente no Jornal O Diário do Norte do Paraná, Maringá, 09 de agosto de 2008, p. 02.

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