sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Agressão a mulheres cresce mais de 107%

Aumento da violência se refere ao último ano; levantamento foi divulgado nos dois anos de vigência da lei criada para garantir a segurança e o respeito às mulheres

Mulheres negras, entre 20 e 40 anos, que não ultrapassaram o ensino fundamental são as que mais recorrem à Central de Atendimento à Mulher, um serviço criado para prestar informações e orientações a vítimas de violência em todo o País.

A maioria (61,5%) diz sofrer agressões diárias, cometidas principalmente por seus companheiros. Os números integram um estudo feito pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, divulgado ontem, para lembrar os dois anos de vigência da Lei Maria da Penha.

De acordo com o levantamento, a procura por atendimento nas centrais aumentou 107,9% ao longo do último ano. Um aumento atribuído à lei que, em dois anos, alcançou uma popularidade invejável. Pesquisa do Ibope também divulgada ontem mostra que 68% declaram conhecer as novas regras. E deste grupo, 83% dizem que a lei ajuda a reduzir o índice de violência familiar.

Feito entre 17 a 21 julho deste ano, o trabalho do Ibope analisou entrevistas de 2.002 pessoas em 142 municípios. Fátima Pacheco Jordão, coordenadora do estudo, avalia que resultados refletem um panorama melhor que o do passado.

"Mas há ainda uma situação dramática: 42% dos entrevistados dizem que mulheres não procuram serviço de apoio quando agredidas. Uma licença para que a violência continue sendo cometida", afirma.

Esse porcentual varia de acordo com a classe social. Nas classes A e B, 47% dos entrevistados acreditam que a mulher não costuma procurar o serviço de apoio quando é agredida. Entre as classes D e E, esse porcentual é significativamente menor: 35% acham que as mulheres não procuram um apoio.

A pesquisa do Ibope revela ainda que o maior grau de conhecimento sobre a lei é encontrado nas regiões Norte e Centro-Oeste, com 83%. A região Sudeste apresenta o pior porcentual de conhecimento sobre a lei: 55%.

Fátima avalia que, apesar de haver ainda dificuldades para implementação das regras contidas na Lei Maria da Penha, há hoje um risco muito pequeno de as regras caírem no esquecimento ou ficarem desacreditadas. "Assistimos a um movimento sem volta. Há maior mobilização, mulheres cobram melhores condições de atendimento, há maior inquietação diante do drama vivido por milhares de pessoas", afirma.

Maria da Penha, vítima de violência cuja trajetória tornou-se exemplo no País e emprestou seu nome à lei, avalia que as novas regras, por si só, inibem novas agressões. "Vejo isso em comunidades. Quando um homem vê que o vizinho do lado foi preso por agredir a mulher, ele pensa duas vezes antes de fazer o mesmo", assegura.


O Diário do Norte do Paraná.

Nenhum comentário:

Pesquisar este blog