segunda-feira, 28 de julho de 2008

Policiais do Rio vão para as ruas com a cara e a coragem, avalia sociólogo

Brasília - A política de segurança pública do estado do Rio de Janeiro está equivocada e coloca em risco a vida de policiais militares. A avaliação foi feita pelo professor de sociologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-Rio), Paulo Jorge Ribeiro, em entrevista à Rádio Nacional.

Os episódios de violência envolvendo policiais no Rio se repetem. No fim-de-semana passado, a morte de dois PMs somaram-se à execução de outros dois policias militares, no último dia 17, em um bairro nobre da cidade. No mesmo dia, uma viatura foi alvejada na zona norte. Não houve feridos.

“Os policias morrem devido ao discurso da segurança pública que afirma estarmos diante de uma guerra de todos contra todos”, disse Ribeiro. “Logo, se os policias chegam para matar também são potenciais vítimas. É um cálculo absolutamente racional. Eu sei que não vou ser refém, então, vou executar antes de ser executado”, explicou.

Segundo o sociólogo, entre as causas de morte dos policias também está a falta treinamento. Enquanto cursos em todo país duram em média seis meses, podendo chegar a dois anos em São Paulo, no Rio, a formação é de seis meses. “É muito pouco tempo. Impossível para se formar um policial. Eles acabam indo para rua com a cara e com a coragem”, observou.

Ribeiro citou os exemplos da capital colombiana e de Nova Iorque, que, para reduzir a criminalidade, seus gestores promoveram uma reforma policial “muito bem estruturada”. Além de medida semelhante, ele sugeriu que oficiais superiores acompanhem as patrulhas durante o policiamento ostensivo.

"São Paulo conseguiu diminuir a morte de seus policiais colocando os capitães junto com suas guarnições. No Rio, os PMs saiem [para policiamento] absolutamente solitários, tendo que criar, muitas vezes, estratégias a seu bel prazer, sem nenhum tipo de controle”.

Ainda para o professor, a melhoria da segurança pública passa também pela diminuição do número de pessoas mortas pela polícia carioca. Para isso, ele defendeu a estruturação da corregedoria da instituição, que, segundo ele, atualmente, "não tem equipe suficiente nem autonomia administrativa para as investigações”.

Dados recentes do Instituto de Segurança Pública (ISP), vinculado ao governo estadual, revelam que as mortes em confronto com a polícia subiram 10% do ano passado para cá. Em contrapartida, o ISP mostrou que caiu o número de homicídios dolosos, aqueles com intenção de matar.

A Secretaria de Segurança do Rio respondeu, em nota, que moderniza os cursos de formação. “Não apenas a parte técnica, como também a formação humanística” dos policiais. No documento, a secretaria também defendeu que a corregedoria funcione com autonomia e informou que, nos últimos anos, afastou 350 policiais civis e militares.


Agência Brasil.

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