segunda-feira, 7 de julho de 2008

O “mente sã em corpo são” ainda vale

Atividade física estimula produção de neurônios que ajudam no estudo, além de evitar cansaço na hora da prova.

Em ano de vestibular, a maior parte do tempo é dedicada ao estudo, em detrimento da atividade física. O problema é que fazer cinco horas de prova (isso quando não é um fim de semana inteiro) cansa não apenas a mente, mas o corpo também. Por isso há estudantes que não deixam o exercício de lado. Para o professor Carlos Eduardo de Miranda Moura, o Cadu, professor especialista em atividade física da Academia Gustavo Borges, largar o exercício para se dedicar apenas aos estudos faz mal para a saúde e também atrapalha os vestibulandos intelectualmente. “Quando a atividade física pára, o estudante fica menos disposto e perde qualidade nas horas de estudo”, explica.

Os vestibulandos conhecem (ou, pelo menos, deveriam conhecer) a importância dos neurotransmissores no corpo humano. Cadu refresca a memória de quem está indo mal em Biologia: sem substâncias importantes geradas pelos exercícios físicos, a concentração cai, fazendo com que as horas dedicadas ao estudo não rendam a mesma coisa. Uma dessas substâncias importantes é a serotonina, que regula o humor, o apetite e a cognição – o ato de adquirir um novo conhecimento. Os exercícios também liberam a endorfina, que traz um efeito calmante para quem está roendo as unhas por causa do vestibular. E, para manter boas taxas desses hormônios, o sacrifício nem é tão grande. “Uma atividade regular – com uma quantidade fixa por semana – recomendável é fazer exercícios de duas a três vezes por semana, de 40 minutos até uma hora. É suficiente”, afirma Cadu.

O estudante de terceirão Pedro Vinícius Garagnani, 17 anos, tem interesse em prestar UFPR ou UTFPR para algum curso relacionado com informática – área conhecida pelo sedentarismo. Ele cumpre a meta dada por Cadu com folga, com treinamentos em natação de três a cinco horas por dia. E os estudos? “Estudo duas horas por semana”, diz Pedro, sem demonstrar muita preocupação com a prova. Mas ele não perdeu a cabeça na piscina: durante o ano, tira avaliações para ver como está o nível de estudo. Fez no verão passado os vestibulares como treineiro para ter uma amostra e está fazendo outros processos seletivos de inverno. Até agora, sente que os conhecimentos estão no ponto. “Dá para estudar das 18 às 21 horas, se eu precisar. Se precisar”, enfatiza.

Felipe Cainã Costa Lima Hildebrando, 17 anos, é o oposto de Pedro. Felipe passa sobre os livros e apostilas a mesma quantidade de horas que o nadador dedica à piscina. Deixou a academia três meses antes do vestibular do ano passado. “Não passei em Engenharia Elétrica com ênfase em Automação na UTFPR por duas colocações”, conta Felipe, que desde o começo do ano largou os exercícios físicos. Afirma que não dá tempo nem para fazer a atividade regular recomendada por Cadu. Mas, antes que Cadu comece a olhar feio, ele promete retomar a academia assim que entrar na faculdade.


Mexa-se mesmo se estiver sentado, diz especialista

Saracotear na cadeira durante o estudo também é um bom treinamento para quem vai passar até cinco horas fazendo uma prova tensa no fim do ano. A recomendação é do professor de Educação Física do Sesi e especialista em ergonomia Bruno Spelier. Ele explica que a falta de movimento pode dificultar a passagem do sangue, o que causa incômodo.

Para não ter mais essa dificuldade na prova, é bom já se acostumar durante os estudos a fazer pequenos exercícios, como balançar as mãos, alongar os braços e respirar fundo (veja infográfico). “Na hora da prova, ninguém vai se lembrar de se mexer. Mas se os movimentos forem naturalizados, podem ajudar o estudante”, recomenda Spelier. E nem é preciso ter medo do mico na hora do vestibular: o especialista acha que todos estarão tão preocupados com a prova que nem vão se importar com uma pessoa se alongando ao lado. (JV)


Gazeta do Povo.

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