sexta-feira, 11 de julho de 2008

Novos cargos custarão R$ 900 mil ao Senado

Proposta aprovada pela Mesa Diretora, que entrará em vigor após o recesso parlamentar, prevê a contratação de 97 novos servidores para os gabinetes dos 81 senadores e líderes partidários

Sem alarde, a mesa diretora do Senado criou na noite de quarta-feira 97 cargos comissionados na Casa, com salários de R$ 9.979,24. Os novos funcionários serão contratados sem concurso público para os gabinetes dos 81 senadores e líderes partidários.

Cada senador poderá empregar um servidor por gabinete ou dividir o salário entre novos funcionários - de acordo com a sua necessidade. A estimativa é que os novos cargos custem cerca de R$ 900 mil por mês aos cofres públicos.

Apesar de a norma ter sido aprovada pela maioria dos integrantes da Mesa Diretora (composta por 11 senadores entre titulares e suplentes), o presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), foi contrário à criação dos cargos. Para ele, a contratação de servidores com salários tão altos "pega mal" e arranha a imagem da Casa.

- Pega mal, não vai ser bem entendido nem assimilado pela sociedade. O Senado não precisa criar mais cargos, há outras prioridades - afirmou.

Segundo o presidente do Senado, a norma entrará em vigor somente após o recesso parlamentar de julho.

- Não há como se ter explicação convincente. O Senado deve explicações a qualquer momento ao cidadão. Mas acho que esse valor é desnecessário - afirmou.

A proposta de criação dos cargos foi articulada pelo senador Efraim Morais (DEM-PB), 1º secretário da Mesa. Ele atua como uma espécie de "prefeito na Casa, com a responsabilidade de coordenar todos os atos administrativos.

O diretor-geral do Senado, Agaciel Maia, justificou a criação dos cargos com o argumento de que sempre aumenta o número de servidores na Casa depois que a Câmara aprova reajustes em sua verba de gabinete - o que ocorreu em abril deste ano.

- O Senado gastou menos da metade do que pode gastar por lei. Os senadores poderão contratar ou não os servidores. Quem decide se eles (novos servidores) são necessários são os gabinetes dos deputados - afirmou.

Para diretor, contratações vão suprir concursos vencidos

A exemplo de Agaciel, Garibaldi disse que o Senado tem recursos para contratar os novos servidores, embora seja contrário à medida.

- Dinheiro tem, o problema não é financeiro. É um problema político, de natureza estrutural - criticou.

O diretor-geral da Casa disse ainda que os novos servidores são necessários uma vez que todos os concursos públicos realizados pelo Senado já estão vencidos - embora tenha reconhecido que a instituição pretende realizar um novo concurso para a contratação de servidores até o final do ano.

Brasília

Entenda o aumento:

- A mesa diretora do Senado aprovou a criação de 97 cargos em comissão (CCs) que receberão R$ 9.979,24 por mês.
- Atualmente, cada senador tem direito a contratar seis assessores e seis secretários parlamentares.
- O número de servidores pode crescer se o parlamentar decidir dividir o salário entre um número maior de funcionários com remunerações mais baixas.


Zero Hora.

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