sábado, 19 de julho de 2008

Na PEM, Natanael Búfalo aguarda definição de julgamento




Preso há nove meses pelo estupro e assassinato de Márcia Constantino, Natanael Búfalo divide cela com estuprador uruguaio; agressão a companheiro gerou punição

Confinado em uma cela de 18 metros quadrados para não ser linchado pelos demais 350 presos, Natanael Búfalo, 42 anos, vive um pesadelo à parte enquanto aguarda seu julgamento pela acusação de estupro e assassinato da estudante Márcia Constantino, 10, em outubro do ano passado: o convívio com seu único colega de cela, o uruguaio Cirolo José Escobar, condenado por estuprar as duas filhas. Neste mês, os dois entraram em vias de fato. A briga, segundo a justificativa de Búfalo aos carcereiros, teria sido motivada por comportamentos obscenos de Escobar.

Desde que foi preso, no ano passado, Búfalo já teria pedido diversas vezes para não ficar no mesmo espaço que Escobar, na Penitenciária Estadual de Maringá (PEM). A briga com o uruguaio resultou em uma sanção disciplinar a Búfalo. Normalmente, essa sanção resultaria no isolamento temporário de um preso comum. Mas ambos já ocupam a cela destinada ao isolamento. Ameaçada de morte pelos demais presos, a dupla tem horários especiais para os banhos de sol, de duas horas por dia.

Búfalo chegou à PEM em novembro do ano passado. Atualmente, ele cumpre o restante da pena que vai até 2010 pelo estupro de uma garota de 15 anos em Presidente Castelo Branco - ele havia sido colocado em liberdade condicional em 2006.

Réu confesso do assassinato de Márcia, Búfalo não deverá passar por uma avaliação de sanidade mental, adianta seu advogado, José Valdecir Cavalini, da Assistência Judiciária da Universidade Estadual de Maringá (UEM). "Não vou fazer esse pedido. Já falei com ele e ele não manifestou nenhum interesse por isso", disse o advogado. Cavalini teve pouco contato até hoje com Búfalo e acredita que a definição da data para seu julgamento sairá neste ano.

Hoje, a defesa de Búfalo aguarda o recurso contra a sentença de pronúncia dada pela Justiça de Maringá - o objetivo desse tipo de sentença é submeter o acusado ao julgamento popular. O recurso tramita no Tribunal de Justiça (TJ) do Paraná. A resposta do TJ é aguardada para o próximo mês.

Para o promotor que acompanha o caso do assassinato de Márcia, Edson Aparecido Cemensati, titular da 2ª Vara Criminal de Maringá, o pedido de recurso visa apenas ganhar tempo. "Esperamos que o TJ julgue rápido. Esse recurso foi só para ganhar tempo diante da opinião pública. O caso vai a juri e haverá condenação, com certeza", afirma.

Búfalo responde processo por homicídio qualificado, estupro, atentado violento ao pudor e ocultação de cadáver. Somadas, as penas variam entre 25 e 57 anos de reclusão. Ele foi preso uma semana após o assassinato da menina, ocorrido em 20 de outubro. Em seu interrogatório, ele afirmou que, após raptar a menina no pátio da igreja Assembléia de Deus, levou-a para sua casa, onde a violentou e asfixiou até a morte. O acusado também confessou que levou o corpo da estudante até uma plantação, na PR-317, e queimou-o com álcool e palha de milho.


O Diário do Norte do Paraná.

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