Depois de três semanas de paralisação, os carteiros voltaram ao trabalho nesta terça-feira, em Curitiba.
Os mais de mil funcionários da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) do estado do Paraná, que faziam greve desde o dia 1º, voltaram a trabalhar normalmente nesta terça-feira (22), de acordo com a assessoria de imprensa da empresa. Para normalizar o sistema de entrega de correspondências, que acumulou mais de seis milhões de objetos atrasados no estado, os trabalhadores agora terão de compensar as horas não trabalhadas.
O banco de horas está previsto no acordo firmado entre Correios e trabalhadores e deve ser cumprido com horas-extras em dias de semana e trabalho em fins de semana, segundo a empresa. A direção regional da ECT afirma que precisará de dez dias para que todas as entregas sejam normalizadas. Já o Sindicato dos Trabalhadores nos Correios do Paraná (Sintcom-PR), acredita que o prazo necessário para regularizar todas as entregas é de 20 dias. “A ECT diz que em duas semanas o trabalho será feito, mas nós sabemos que é impossível”, afirma Sandro Oliveira, diretor do Sintcom-PR.
Ao todo, 6,2 mil funcionários trabalham no setor operacional dos Correios, de acordo com a empresa. Em assembléia realizada na tarde de segunda-feira (21), o Sintcom-PR aprovou a proposta apresentada pela empresa no fim de semana e encerrou a paralisação, que completaria três semanas nesta terça-feira.
Faturas atrasadas
Por causa da paralisção, empresas de todo o país tiveram que buscar outras formas para entregar faturas aos consumidores. Segundo Marta Favreto Paim, chefe da divisão jurídica do Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon), a população não tem como responsabilizar os Correios nos atrasos dessas correspondências. As empresas também não podem cobrar juros ou efetuar cobranças por causa do atraso de pagamento.
No caso de faturas, os fornecedores de serviço devem oferecer outras opções de pagamento aos clientes. O Procon alerta que as pessoas devem entrar em contato com as empresas e procurar saber se há a possibilidade de pagar via internet, boleto bancário ou no próprio estabelecimento.
Empresas de telefonia disponibilizam faturas de pagamentos em seus sites, onde os clientes podem visualizar e imprimir as contas para fazer o pagamento em qualquer casa lotérica. Uma outra alternativa é utilizar os serviços de pagamento via internet, pagar com cartão de crédito ou, ainda, utilizar os serviços de débito automático nos bancos. Os clientes também podem fazer o pagamento em agências lotéricas informando apenas o número do telefone.
Indenização
O consumidor que contratou os serviços dos Correios, segundo o Procon, cabe questionamento para eventual ressarcimento ou abatimento do valor pago, caso não tenham sido prestados conforme programado.
Acordo
Com o acordo, a ECT se comprometeu a pagar os 30% do salário-base para 43 mil carteiros que trabalham na distribuição e coleta externa, que a categoria solicitava como adicional de risco. Aos demais empregados que trabalham na distribuição e aos atendentes em guichê de agência, a empresa pagará um valor fixo de R$ 260. No documento, a ECT afirma que não descontará os dias parados dos vencimentos dos trabalhadores. As horas não trabalhadas, no entanto, deverão ser compensadas por banco de horas.
Outro ponto de reivindicação dos funcionários é a revisão da distribuição da participação dos lucros e a discussão do plano de cargos, carreiras e salários, que ficaram para ser acordados em agosto, data-base da categoria, no Tribunal Superior do Trabalho (TST). De acordo com Oliveira, os trabalhadores não enfraquecem o coro de reclamações com o acordo de sábado. “Caso em agosto a empresa se mostre novamente inflexível diante das discussões, podemos fazer novas paralisações”, disse.
Segundo o diretor do Sintcom-PR, a categoria permanecerá mobilizada por outras reivindicações. “Manteremos o abaixo-assinado solicitando o afastamento de Carlos Custódio do cargo de presidente dos Correios e de Itamar Ribeiro da direção regional da empresa”, diz. A ECT, por meio da assessoria de imprensa, informou que não vai se pronunciar sobre o pedido pela saída de seus dirigentes.
Além do Paraná, funcionários de mais 20 estados e do Distrito Federal aderiram à greve. De acordo com o sindicato paranaense, mais de 80% dos funcionários do setor operacional (atendentes de agência, distribuição e triagem) teriam aderido à paralisação. A empresa estima que a greve atingiu 25% dos empregados.
Gazeta do Povo.
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