sábado, 5 de julho de 2008

Folha de coca para comer e beber

"A planta sagrada da coca apareceu na natureza muito antes do que o primeiro ser humano; naquele tempo não era mais do que uma planta qualquer. Foi o homem moderno que lhe deu outras funções que acabaram desconfigurando o papel sagrado que lhe atribuíam as culturas ancestrais". A afirmação está no convite para o Festival Gastronômico da Folha de Coca, que se realiza no território sagrado da reserva indígena de Cerro Tijeras, na Colômbia, nos dias 3, 4 e 5 deste mês.



O evento é uma oportunidade de conhecer as diversas possibilidades que a folha de coca oferece às comunidades rurais e indígenas como alternativa gastronômica, econômica e de soberania alimentar. "A idéia é mostrar ao mundo a outra face deste cultivo ancestral. A folha de coca não deve ser fumigada; são os medos, as culpas e a avareza do homem moderno que precisam ser erradicados", afirma Carlos Gómez, da reserva indígena de Cerro Tijeras.



O festival é organizado pela Associação de Reservas Indígenas do Norte de Cauca, pelo Conselho Regional Indígena de Cauca, pela Coordenadoria Agrária Departamental de Cauca e Cocanasa, projeto de origem indígena que produz artigos feitos a partir da planta.



"Antes que fumigar debemos pensar em industrializar", disse Gómez. O festival compartilhará alimentos derivados da folha de coca como arroz, torta, pão, vinho e bebidas energizantes, entre outros. "Também é uma oportunidade de festejar os diferentes ritualis e fortalecer a missão dos povos ancestrais pela busca de autonomía, unificação, e o respeto e a defesa da terra materna com todos os seus elementos”, completa.



O evento não tem custos. Para participa, basta doar à comunidade de Cerro Tijeras uma ferramenta de trabalho. "Queremos apresentar ao país e ao mundo alternativas economicamente viáveis, lícitas, éticas e amigáveis que derivadas da folha de coca", afirma Gómez.



A reserva, composta por 22 distritos, está localizada ao norte do departamento de Cauca e sua população tem de cerca de três mil indivíduos, entre indígenas da etnia nasa, afrocolombianos e camponeses.



Goméz afirma que a expectativa é de que o tema da coca comece a ser visto de outro ângulo. "Queremos que o tratamento que se dá à folha de coca deixe de ser repressivo e que a folha passe a ser vista como uma alternativa gastronômica e econômica", conclui.


Comunidade Segura.

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