domingo, 27 de julho de 2008

Da cela, chefe da facção dava ordem a advogados

?Sintonia dos gravatas?, Macarrão analisava ?currículos? de candidatos; serviço custava R$ 200 mil por mês

A facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) gastava R$ 200 mil mensais com seu "departamento jurídico". Ao todo 20 advogados trabalhavam para o crime organizado, todos controlados por Orlando Motta Junior, o Macarrão. Integrante da cúpula da facção, ele exercia, na linguagem do crime organizado, a função de "sintonia dos gravatas", como são chamados os advogados.

O criminoso fiscalizava os pagamentos e ações dos advogados da facção, além de controlar o currículo dos bacharéis candidatos a um emprego no "jurídico" do PCC. "A ele cabia a última palavra sobre quaisquer assuntos", afirmaram os promotores no pedido de prisão.

Nessa atividade, Macarrão contaria com a ajuda de dois outros presos, conhecidos pelos apelidos de TJ e Melken (responsável pelo pagamento dos advogados da facção e pela contabilidade dos gastos). Investigações da inteligência policial mostraram que a advogada que chefiava o interior, Patrícia Galindo de Godoy, havia assumido o cargo após a prisão em 2 de abril de Jerônymo Ruiz Andrade Amaral, detido quando tentava entrar na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau com dois celulares para Macarrão. Patrícia, que recebia R$ 10 mil da facção por mês, teve um aumento: passou a receber R$ 15 mil.

Desde 2007, suas atividades eram investigadas. Primeiramente, porque ela teria organizado uma passeata do PCC em Brasília. Depois, porque em 29 de fevereiro seu nome foi encontrado na contabilidade da cúpula do facção apreendida pela Polícia Federal. Os documentos estavam com Wagner Roberto Raposo Olzon, o Fusca, preso em São Paulo com 2,7 kg de cocaína e R$ 674 mil.

A prisão de Olzon, que responde a processo por lavagem de dinheiro e tráfico internacional de drogas, acabou provocando a descoberta de uma lista com 21 nomes de advogados contratados pela facção. Na lista, Jerônymo chefiava todos. A Patrícia cabia o maior salário entre os contratados para atuar na região de Presidente Prudente e de Araçatuba, onde estão os presídios que concentram os mais importantes líderes do PCC no interior paulista.


Estadão.

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