quarta-feira, 16 de julho de 2008

Cai grupo da PF que investigava Daniel Dantas

Comando da corporação considerou insubordinação fato de delegado ter convocado agentes da Abin.

O delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz foi afastado da Operação Satiagraha. A saída foi acertada numa reunião, anteontem à noite, na superintendência da PF, em São Paulo. Além de Protógenes, participaram da reunião o delegado Ricardo Saadi, seu superior imediato, e o diretor da Divisão de Combate ao Crime Organizado, Roberto Troncon Filho, emissário da direção-geral do órgão em Brasília.

A medida não atinge apenas o comandante da missão que levou para a cadeia o banqueiro Daniel Dantas, o investidor Naji Nahas, o ex-prefeito Celso Pitta e mais 14 investigados por suposto esquema de desvio de recursos públicos, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Outros dois delegados, Karina Murakami Souza e Carlos Eduardo Pellegrini Magro, foram afastados da investigação. Karina pediu para ocupar função na corregedoria.

Oficialmente, a assessoria da direção-geral da PF informou que desconhece a saída dos dois auxiliares de Protógenes. A polícia negou também que haja rebelião na equipe da Satiagraha.

O comando da PF considerou insubordinação o fato de Protógenes convocar agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para participarem da operação. A queda do delegado foi imposição do ministro da Justiça, Tarso Genro, e do diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, que apoiaram publicamente a operação que mobilizou 300 agentes, mas consideraram um desastre político-institucional a forma como Protógenes agiu.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, criticou o que chamou de "espetacularização" da Satiagraha.

A direção da PF confirmou o afastamento de Protógenes, mas alegou que a saída foi "a pedido" do próprio delegado, não uma punição em decorrência da forma como conduziu a operação, que chegou, na avaliação do Ministério da Justiça, a registrar momentos de insubordinação. O substituto será designado provavelmente ainda hoje.

CURSO

Segundo a assessoria da PF, Protógenes alegou na reunião que, desde março, faz o Curso Superior de Polícia - a distância - e que na próxima segunda-feira começam as aulas presenciais, por 30 dias. Ele informou a Troncon Filho que, após concluir o curso, não deseja voltar a atuar no caso e pediu novas funções.

Nos bastidores, porém, o delegado tem se queixado de que vem sofrendo boicote sistemático na instituição desde que Corrêa tomou posse no cargo, em setembro passado, no lugar do delegado Paulo Lacerda, que foi deslocado para a Abin. Em meio ao tiroteio, Corrêa entrou em férias por duas semanas e viajou para longe da crise.

Acusado de não ter dado satisfações da operação aos superiores, de agir com excesso de individualismo e de recorrer irregularmente ao auxílio da Abin, Protógenes é alvo de sindicância administrativa e uma representação na corregedoria. Ele pode sofrer sanções que vão desde advertência à remoção para um lugar remoto na fronteira amazônica, por exemplo, ou até mesmo um processo de demissão.

Embora a PF alegue que o curso é obrigatório para todos os policiais com pelo menos dez anos de serviço, a desculpa é confusa porque Protógenes teve de entrar na Justiça para ter garantido o direito de fazer o curso. Segundo a PF, a decisão foi pessoal e não teve motivação de superiores.

As divergências em relação à atuação do delegado são notórias. Na semana passada, Corrêa confidenciou ao presidente do STF, maior crítico da Satiagraha, que Protógenes ignorou o comando da corporação e recorreu à Abin, e não aos colegas, compartilhando com arapongas dados que estavam sob segredo de Justiça.

A direção da Abin confirmou, por meio de nota, que colaborou com a investigação, por requisição do delegado, e que esse é um procedimento de praxe no órgão. "Na condição de órgão central do Sistema Brasileiro de Inteligência, a Abin pode e deve operar em cooperação com os demais órgãos públicos em ações que não lhe sejam vedadas", diz a nota. "Para tanto, caso solicitada, estará sempre à disposição dos órgãos parceiros, para auxiliar em trabalhos de sua atribuição, como ocorre em algumas grandes investigações, que, não raro, contam com a participação de integrantes de vários órgãos da administração pública federal."


Estadão.

Desabafo do Blog: É incrivel, fico pasmo com um fato deste, como pode, quando a polícia prende os bandidos, ai o governo intervem e afasta-os da operação. Os caras detonam com o dinheiro do povo, e quando são investigados e presos, o governo entra e diz não...que porcaria de país é este...onde só pobre e negro vai para a cadeia....os detentores de poder e capital são intocaveis...é só corrupção este país....depois diz que as coisas estão melhorando...melhorando para os políticos e corruptos...para o povão, só resta o pó.......

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