quinta-feira, 24 de julho de 2008

"Boi pirata" apreendido no Pará está morrendo, afirma deputado

O deputado Giovanni Queiroz (PDT-PA) afirmou que o Instituto Nacional do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) não está tratando corretamente as mais de 3 mil cabeças de gado apreendidas na Operação Boi Pirata, realizada há mais de um mês na Estação Ecológica da Terra do Meio, no Pará.

Segundo ele, já faz uma semana que se tem notícia da morte de vários animais. "Tem uma única pessoa para cuidar de todo o rebanho, quando seria preciso umas 12 pessoas. O Ibama não está dando assistência, não dá comida suficiente e falta água", afirmou o parlamentar.

Como o gado não é para abate, não há interesse de frigoríficos no leilão desses animais, que já já teve duas tentativas frustradas. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), do total, há 1.455 vacas e 486 bezerros. Além disso, o deputado disse que os bois, que poderiam ser abatidos, "já emagreceram muito".

Queiroz afirmou que a população local está revoltada. Os moradores, que trabalham nas fazendas da região, temem um efeito dominó, com a apreensão do gado de outras fazendas. "Eu acho que não vão conseguir vender o gado. A população está solidária com o produtor. E se acharem um comprador, vão ter dificuldade para retirar os animais", advertiu.

Para o deputado, uma única medida do governo poderia ter evitado que se chegasse à situação atual. "Se o Estado indeniza as benfeitorias, acabou. A terra é mesmo do Estado. A criação da Estação Ecológica da Terra do Meio foi em 2005. Ninguém fez novas derrubadas desde o decreto. Se o procedimento fosse normal, com a indenização das benfeitorias, não haveria esse impasse", explicou. Segundo ele, o prazo para o levantamento do valor das benfeitorias e indenização aos produtores já está vencido.

O parlamentar também disse ter alertado o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, sobre um possível confronto. "Eu disse para o ministro: vamos à mesa de negociações antes que a agressão se torne pior. Se houver sangue, a culpa será do senhor", contou o deputado.

Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Pará (Faepa), Carlos Xavier, não há como haver comprador se não há controle da sanidade dos animais. "Como é que vai fazer um leilão virtual em que as pessoas não sabem a sanidade dos animais?", indagou.

Nessa quarta-feira (23), o ministro Carlos Minc disse que o terceiro leilão do "boi pirata", que será realizado segunda-feira (28), terá preço livre, ou seja, as ofertas poderão começar com qualquer valor.

Procurado, o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Flávio Montiel, que se encontrava em reunião, não retornou as ligações. Em declarações terça-feira (22), porém, Montiel havia garantido que o fracasso dos dois primeiros leilões se devia a ameaças de políticos da região. Montiel afirmou que os compradores não devem se preocupar com a ameaça desses políticos. "Toda a segurança necessária à retirada dos animais será dada ao ganhador do leilão", garantiu, em nota divulgada pelo Ibama.


O Estado do Paraná.

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