sexta-feira, 4 de julho de 2008

Advogado contesta provas contra madrasta de Isabella

O advogado Marco Polo Levorin que faz a defesa do casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, afirmou depois dos depoimentos chamados pela defesa nesta quinta-feira que não há provas para incriminar a madrasta de Isabella pela morte da menina. O crime ocorreu em 29 de março, quando a criança foi jogada do sexto andar do edifício London --zona norte de São Paulo.

Levorin contesta a denúncia do promotor Francisco Cembranelli. "A defesa diz que não houve esganadura pois não há fundamento científico que comprove a hipótese", disse o advogado depois dos depoimentos.

No entendimento de Levorin, com a comprovação de que Isabella não foi esganada por Jatobá, como acusa a promotoria --o advogado diz ter uma equipe de especialistas que atestam sua tese-- não resta nenhuma prova de que ela tenha qualquer participação na morte da menina.

Pela acusação, Alexandre teria jogado Isabella e Jatobá incentivado a iniciativa. Nas palavras do advogado, a madrasta de Isabella teve uma "participação moral" que é infundada, já que não existem provas materiais que atestem tal comportamento.

"Agora muda-se a acusação. Soube pela imprensa que se diz que ambos jogaram a menina", disse.

Levorin também afirmou que há uma "inversão do ônus da prova". No Brasil, os réus de qualquer crime são inocentes até que se prove o contrário. O advogado afirma que sua equipe está sendo forçada a provar a inocência do casal, o que judicialmente está errado, pois cabe a promotoria provar que o casal foi responsável pela morte de Isabella.

O advogado afirmou ainda que muitas afirmações do inquérito policial e da acusação ficaram descaracterizadas pelos depoimentos desta quinta-feira.

"O prédio tinha menos de 50% dos apartamentos ocupados e nem todos foram vistoriados", disse Levorin. Os outros advogados disseram que uma das sacadas do apartamento do casal não foi vistoriada, citando o depoimento de um policial militar. Eles também disseram que nem todos os carros que estavam na garagem na noite do crime foram checados pela polícia.

A assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça relatou que os policiais disseram o contrário, que todos os apartamentos foram vistoriados na noite do crime.

Os advogados e as testemunhas sustentaram três teses. A primeira delas de que não há provas para incriminar o casal Nardoni. A segunda argumenta que o casal tinha uma relação normal, com uma "sazonalidade" no relacionamento, que inclui períodos de conflitos e períodos de harmonia. A maioria das 27 testemunhas ouvidas entre ontem (2) e hoje afirmou que Alexandre e Jatobá tinham uma boa relação entre si e com Isabella.

A terceira tese é de que o edifício London, com muitos apartamentos em reforma na época do crime, era vulnerável a entrada de estranhos sem identificação, tanto pela portaria principal quanto por um portão lateral de prestação de serviços.

Os três pedreiros que testemunharam hoje e que prestaram serviços no prédio em março afirmaram que para entrar no edifício London, era preciso sempre se identificar e deixar o número do RG.


Folha de São Paulo.

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