terça-feira, 1 de julho de 2008

10% da população vive com R$ 4,00 por dia

Levantamento é da Secretaria de Assistência Social; no grupo estão incluídos moradores que recebem ajuda governamental.

Perto de 60 mil habitantes de Londrina sobrevivem com uma renda diária aproximada de R$ 4,00. O número faz parte de levantamento elaborado pela Secretaria Municipal de Assistência Social. Este grupo inclui cerca de 56 mil moradores enquadrados nas faixas de pobreza e miséria que recebe dinheiro de programas governamentais de transferência de renda. A estimativa é que perto de 3,2 mil londrinenses estejam fora da rede de assistência social.

Grande parte da população pobre da cidade não conta com fontes fixas de renda. O sustento vem de trabalhos eventuais e doações de roupas e cestas básicas do poder público e organizações não-governamentais. E quem não é beneficiado por programas como o Bolsa Família tem ainda mais dificuldades para comprar comida.

A alimentação da família da dona de casa Ariane do Espírito Santo, 23 anos, moradora do Jardim Monte Sião (Zona Sul), depende da sorte. Quando o marido dela arruma ‘‘bicos’’ – em qualquer tipo de serviço – ganha algum para investir na segurança alimentar da família, para usar o termo da moda preferido pelos especialistas.

O estado de saúde dele não ajuda, uma vez que há dois anos carrega uma bala na cabeça, resultado de uma tentativa de homicídio. Nem com a situação dramática a família conseguiu ser atendida pelo Bolsa Família. ‘‘Faz seis anos que fiz ficha no Bolsa Família mas não recebi nada até agora. A gente vai levando, comprando um pacote de arroz quando consegue’’, comenta. E a jovem lamenta que o preconceito torna ainda mais difícil a situação de pobreza. Na busca por emprego, perdeu uma vaga para cuidar de idoso após revelar o endereço dela. O recebimento esporádico dos cupons de alimentação são o único auxílio governamental.

Aos 37 anos, Marlene Isabel Jesus Siqueira está há um ano sem receber bolsa dos governos. O sustento dela e dos quatro filhos, entre 5 e 16 anos, é garantido pelo trabalho eventual de pedreiro do marido. O dinheiro não vem mais porque duas crianças ficaram fora da escola – por falta de vagas nas instituições de ensino mais próximas de casa.

‘‘Comprei o barraco por R$ 400,00 porque antes tinha que gastar R$ 200,00 só com o aluguel. Em fevereiro fui no Cras (Centro de Referência de Assistência Social) e mandaram eu voltar em junho. Só disseram que cortaram o benefício’’, lamenta.

Sem renda fixa, a família de Marlene não deveria ter dificuldades para enquadrar-se nos programas de transferência de renda. Para entrar no Cadastro Único da Secretaria de Assistência Social, a exigência é de renda máxima de três salários mínimos por família.


Folha de Londrina.

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