sábado, 7 de junho de 2008

Uso de ''cobaia humana'' em pesquisa cresce 28%

O número de voluntários para testes de novos medicamentos genéricos cresceu 28% em um ano. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em 2006 foram 7 mil homens e mulheres que aceitaram o papel de "cobaias humanas". No ano passado, a quantidade saltou para 9 mil.

Para evitar abusos, a Anvisa publicou anteontem no Diário Oficial da União uma resolução que visa a aumentar o rigor nas pesquisas de genéricos. Foi instituído o Cadastro Nacional de Voluntários em Estudos de Biodisponibilidade e Bioequivalência (CNVB). Em um banco de dados online, serão armazenadas as informações dos participantes.

O aumento do número de pessoas saudáveis que se oferecem para participar das pesquisas clínicas de remédios acompanha o interesse explosivo dos laboratórios pelos genéricos. No ano 2000, a Anvisa registrou 143 medicamentos do tipo. Até maio deste ano, as notificações saltaram para 2.414, acréscimo de 688% em 8 anos.

Antes de um medicamento chegar aos pacientes, são exigidos estudos científicos em voluntários, para avaliar eficácia e possíveis efeitos colaterais. As leis do Brasil não permitem que o trabalho seja remunerado e determinam que cada pessoa participe somente de uma pesquisa em andamento para evitar alterações nos resultados.

Mesmo com todas as exigências éticas, publicadas como lei desde 1996, a própria Anvisa reconhece que há irregularidades no processo de pesquisas com seres humanos. O presidente da Agência, Dirceu Raposo de Mello, afirmou em documento publicado no site do órgão federal que já recebeu denúncias de que "uma mesma pessoa participava de três ensaios ao mesmo tempo e ainda era remunerada por isso".


Estadão.

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