quinta-feira, 26 de junho de 2008

Selecionadores evitam fumantes




Pesquisa da empresa de recrutamento Catho Online mostra que 81% dos executivos de companhias brasileiras têm restrições na hora de contratar funcionários que fumam.

O desempregado que está nervoso pela falta de trabalho deve evitar relaxar com cigarros, pois o fumo trará ainda mais dificuldade para ser selecionado. De cada cinco selecionadores, quatro tem algum tipo de objeção para contratar fumantes, de acordo com o estudo “A Contratação, A Demissão e a Carreira dos Profissionais Brasileiros”, do site de anúncios de emprego Catho Online. Foram ouvidos 4,1 mil presidentes, vices, diretores, gerentes e supervisores de empresas. Do total, 81% afirma ter algum tipo de objeção na hora de contratar fumantes. Analisando apenas presidentes e diretores, praticamente metade (48,4%) disse ter muita objeção.

A restrição vem crescendo ao longo dos anos. Em relação a 2001, ela cresceu quatro pontos porcentuais com diretores e dois pontos porcentuais na opinião dos gerentes e supervisores. A consultora da Catho Camila Mariano descarta a hipótese de os dados representarem discriminação com os fumantes. “A característica de ser fumante não é um fator para tirar do processo. Pode ser entendido um critério de desempate”, explica Camila.

A responsável por contratações da empresa do varejo Bond Carneiro, Luciane Bastos, diz que nunca teve que usar esse critério para decidir uma seleção, mas acredita que os fumantes têm desvantagens no mercado de trabalho. “Alguns colaboradores são fumantes, mas aqui [na empresa] não tem a cultura da pausa para o cigarro”, conta Luciane.

A paradinha para o cigarro é um dos motivos que fazem o setor de recursos humanos ter restrições na hora de contratar o fumante, de acordo com a pesquisa. “Fumantes param, em média, oito vezes por dia”, relata a consultora da Catho. Também pesa contra a questão de saúde. “Quem fuma tem maior propensão a faltar ao serviço por motivos de saúde.”

Essa opinião é corroborada pelo pneumologista do Hospital Nossa Senhora das Graças Jonatas Reichert. Se a questão do trabalho não é suficiente, o médico reforça os malefícios para a saúde. “Atualmente, 56 doenças estão relacionadas com o tabagismo, que é considerado o maior problema de saúde pública do mundo”, diz o pneumologista.

Todos esses argumentos contrários se refletem no quadro de funcionários das empresas. A pesquisa também mostra uma queda de mais de seis pontos porcentuais nos últimos 10 anos no índice de profissionais fumantes.

Mas nem tudo está perdido para os fumantes. A chefe de recepção do Hotel Mercure de Curitiba, Vanine Fiori, faz parte daqueles 20% que não se importam com o tabagismo entre seus empregados. “Sou da opinião de que todo mundo tem seus vícios, suas manias. Mas não pode interferir no trabalho. No caso do atendimento, é delicada a questão do cheiro. Se cuidar disso, pode fumar nos intervalos” diz Vanine, que é minoria nesse tema entre os selecionadores.

Em tempo: o levantamento revela que o maior percentual de fumantes foi verificado entre os níveis hierárquicos mais elevados – mais de 20% dos presidentes e gerentes-gerais fumam.

Gazeta do Povo.

Nenhum comentário:

Pesquisar este blog