domingo, 15 de junho de 2008

Prostituição infantil registra alta em Maringá

Promotoria da Infância e Juventude recebe, pelo menos, uma denúncia de exploração sexual de criança ou adolescente, por dia; sociedade é conivente com o crime.


Em Maringá, a exemplo de muitos municípios brasileiros, a chaga social da exploração sexual comercial de crianças e adolescentes permanece aberta tanto em casas noturnas e hotéis, quanto em boates abrigadas em beiras de estrada.

A Promotoria da Infância e Juventude de Maringá recebe uma denúncia por dia de prostituição infantil e de adolescentes. As denúncias são feitas ao Disque Denúncia 100.

O serviço telefônico de discagem direta e gratuita, disponível para todos os estados brasileiros, é coordenado pela Secretaria Especial de Direitos Humanos (Sedh) e registra todos os tipos de violência que possam ser cometidos contra crianças e adolescentes.

De 2004 a 2007, período em que o sistema ainda separava os registros de denúncia por município, a exploração sexual com intermediários aumentou 80% em Maringá, ao passo que, sem intermediários, aumento foi de 300%.

"É difícil prender e punir os autores do crime. A prostituição infantil conta com a conivência da sociedade, o que facilita sua ocorrência", diz a promotora da Infância, Mônica Louise Azevedo.

O mercado consumidor de adultos perversos e a própria caracterização do crime dificultam a punição. Outro problema é a caracterização do crime, mascarado pelas próprias vítimas quando os exploradores são familiares.

"Muitas dessas crianças são exploradas pelos pais, que exigem delas retorno financeiro para voltar para casa", alega a promotora.

Eloacy Tavares, coordenadora do Centro Especializado da Assistência Social (Creas), também vê a comprovação da denúncia como um desafio para as equipes de defesa dos direitos e proteção às vítimas de exploração sexual.

"Os clientes não vão denunciar e quando a fiscalização vai até os locais onde o crime é cometido existe todo um sistema para esconder a situação. O flagrante é muito difícil."

Para a promotora, o que dificulta a ação é o vazamento de informações.

"De alguma forma, a notícia de que haverá fiscalização chega até os locais e rapidamente as crianças são retiradas", destaca Mônica.

Dois dos principais focos de exploração sexual comercial de crianças e adolescentes, segundo ela, são conhecidas boates de prostituição e as imediações da Praça Raposo Tavares, no Centro de Maringá.


O Diário do Norte do Paraná.

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