quarta-feira, 11 de junho de 2008

Polícia do Rio matou mais e apreendeu menos armas e drogas no 1º trimestre

O Rio voltou a registrar aumento nos casos de pessoas mortas pela polícia em confrontos --os chamados autos de resistência. No primeiro trimestre deste ano, houve 358 casos do tipo, 12% a mais que o registrado no mesmo período do ano passado (318). O número consta no balanço dos índices de criminalidade do primeiro trimestre de 2008, divulgado na tarde desta terça-feira pelo ISP (Instituto de Segurança Pública), órgão do governo do Rio responsável pelas estatísticas criminais.

Em 2007, o número de mortes por policiais (1.330) já havia sido 25% maior que o de 2006 (1.063) e atingido a maior marca deste tipo de crime desde 1998, quando o governo do Rio começou a contabilizar os autos de resistência. Em fevereiro deste ano, a ex-presidente do ISP Ana Paula Miranda foi exonerada do cargo depois de a entidade divulgar números recordes de autos de resistência. Na época, ela disse haver risco na transparência dos índices de violência no Rio com sua saída.

Ao contrário dos autos de resistência, a quantidade de policiais mortos diminuiu. Quatro morreram em serviço e 24 em folga no período, contra dez em serviço e 31 em folga nos três primeiros meses de 2007. Em todo o ano passado, foram 32 mortos em serviços e 119 em folga, de acordo com o ISP.

Menos armas e drogas

Apesar de ter matado mais, a polícia do Rio apreendeu menos armas e drogas no primeiro trimestre de 2008: Foram 2.470 armas apreendidas, contra 2.856 no primeiro trimestre de 2007, e 2.404 apreensões de drogas, antes as 2.591 do mesmo período em 2007.

Já o número de prisões executadas pela polícia do Rio, que havia caído 13% no ano passado, manteve-se estável nesta comparação: foram 3.500 no primeiro trimestre deste ano, contra 3.459 no mesmo período do ano passado.

Entre os tipos de crime que tiveram alta, estão: latrocínio, que são roubos seguidos de morte (de 40, em 2007, para 52, em 2008), roubo a pedestres (13.332, em 2007, e 16.492, em 2008) e o total de furtos (40.149, em 2007, e 42.523, em 2008) e roubos (34.064, em 2007, e 35.271, em 2008).

Já os crimes de estupro, furto de veículos, homicídio doloso e roubo de veículos registraram queda na comparação entre o primeiro trimestre deste ano e o do ano passado.

Outro lado

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública ponderou:

"Contar apreensões de drogas pelo balanço do ISP é arriscado. Na metodologia dos ROs, uma trouxinha conta o mesmo que uma tonelada. Nos últimos 40 dias, as polícias apreenderam 12 toneladas de maconha. As apreensões de armas vêm caindo porque o arsenal do tráfico está menor, prova disso é que o preço do fuzil no mercado negro saltou de cerca de R$ 15 mil para R$ 40 mil.

"Os números representam, na verdade, um avanço obtido com a política de desarmamento dos bandidos. Infelizmente, esta política de desarmamento tem seu efeito colateral danoso, o aumento de mortes em confronto. Não sejamos ingênuos de supor que os traficantes vão entregar armas, munições e drogas sem revidar e este revide leva, inevitavelmente ao aumento de vítimas fatais."


Folha de São Paulo.

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