quarta-feira, 11 de junho de 2008

Pobreza é menor se há eqüidade de gênero

Análise em países em desenvolvimento aponta que parcela de pobres é menor onde indicadores de homens e mulheres são mais parecidos.


Países em desenvolvimento que têm menor desigualdade entre homens e mulheres tendem a apresentar também taxas de pobreza mais baixas, indica um artigo de economistas do Banco Mundial publicado em uma revista do Centro Internacional de Pobreza. Para chegar a essa conclusão, os autores analisaram outros estudos sobre o tema e cruzaram dados de pobreza (proporção de pessoas que vivem com menos de US$ 2 por dia) e do IDG (Índice de Desenvolvimento Humano ajustado ao Gênero, elaborado pelo PNUD) de 73 países.

"Amplas evidências sugerem que maior igualdade de gênero no acesso a recursos como educação e emprego podem reduzir a probabilidade de uma família ser miserável", diz o texto, intitulado “Gender Equality Is Good for the Poor” (Igualdade de gênero é bom para os pobres) e publicado na 13ª edição da revista Poverty In Focus, toda ela dedicada a igualdade de gênero. "A participação da força de trabalho feminina, em particular, parece ter um papel importante em amortecer o impacto dos choques macroeconômicos nas famílias e protegê-las de cair na miséria", afirmam Andrew Morrison, Dhushyanth Raju e Nistha Sinha, autores do artigo, baseado em estudo feito pelos mesmos especialistas para o Relatório de Desenvolvimento Global 2007, do Banco Mundial.

Os autores, no entanto, frisam que não é possível estabelecer uma relação de causa e efeito entre igualdade de gênero e redução da pobreza. Eles argumentam, por exemplo, que seria também legítimo concluir justamente o contrário: que o aumento da renda é que leva à igualdade de gêneros — uma vez que a discriminação acaba sendo custosa a mercados de trabalho mais competitivos.

O artigo, citando estudo sobre o Brasil, indica que há três principais razões pelas quais uma família chefiada por mulher possa ser mais pobre: as trabalhadoras ganham menos que seus colegas homens; essas famílias têm menos adultos e, portanto, menos fontes de renda (freqüentemente domicílios chefiados por homens contam também com o rendimento da mulher); e a razão de dependência é maior (há proporcionalmente menos pessoas com renda sustentando mais pessoas sem renda).

Isso não significa, porém, que famílias chefiadas por mulheres são sempre mais pobres. A bibliografia sobre o tema não é conclusiva, dizem os autores. Uma revisão de 61 estudos sobre chefia de domicílios apontou que 38 deles detectaram maior proporção de famílias matriarcais entre os pobres do que na população em geral. Um outro trabalhou citado no artigo verificou que a relação entre mulheres chefes de família e pobreza é forte em apenas dois de dez países examinados.

Uma das razões para esses resultados diferentes é que a definição de chefia de domicílio (ou de família) não é consensual, sugerem os autores. Além disso, as famílias chefiadas por mulheres são bastante diversas. Dependendo do país ou região, as chefes são predominantemente viúvas idosas, mulheres divorciadas, mães solteiras ou mulheres cujo marido é migrante — perfis que resultam em diferentes graus de vulnerabilidade (idosas e viúvas, por exemplo, tendem a ser mais sujeitas à pobreza do que mulheres que recebem uma renda do marido migrante).


PNUD.

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