segunda-feira, 16 de junho de 2008

Nem tudo pelo social

Pesquisa mostra que 27% da população concorda com os objetivos dos movimentos sociais e que 31% discorda. Maioria vê aproximação com a criminalidade.


A causa é nobre; os métodos, não. É o que pensa a maioria dos brasileiros sobre os movimentos sociais do campo, como o MST, segundo pesquisa feita pelo Ibope por encomenda da mineradora Vale. Para 45% dos entrevistados, a palavra que melhor descreve o MST é violência; para 27%, é coragem; e, para 24%, é a expressão “reforma agrária”. O levantamento mostra que a população está dividida: 46% se diz favorável ao MST, e 50%, desfavorável.

Dos entrevistados, 27% concordam com os objetivos do movimento; 38% concordam com os propósitos, mas acham que o MST fugiu de sua meta inicial; e 31% discordam. Para 60%, as organizações camponesas adotam métodos de ação ilegais e estão se aproximando da criminalidade; também acham que elas prejudicam a economia (61%) e os mais pobres (54%).

Os entrevistados também criticam a atitude de quem tem terras invadidas: 40% acham que o setor privado usa seus próprios meios para fazer expulsões, antes de tentar dialogar ou recorrer à Justiça. Perguntados como agiriam no lugar dos proprietários, 27% disseram que negociariam e até cederiam parte das terras, e 40% afirmaram que dialogariam e depois recorreriam à Justiça.

Manipulação

Para 40% dos entrevistados, os maiores beneficiados pelos movimentos sociais são os seus próprios líderes. E mais: 69% consideram que eles são instrumentos de manipulação e geram conflitos. Apenas 26% avaliam que os movimentos organizam e conscientizam. A maioria dos entrevistados (56%) acha que os movimentos são “plantados” de cima para baixo, por políticos, ONGs e igrejas, e só 37% acreditam que eles surgem naturalmente.

A pesquisa foi feita de 26 de abril a 6 de maio, antes da última onda de invasões e protestos pelo país, na semana passada. Do total de 2,1mil entrevistas, 1.204 foram feitas nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Recife, Distrito Federal, Salvador e Fortaleza. Foram considerados os seguintes movimentos: MST, Via Campesina, Movimentos dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimento Quilombola e Comissão Pastoral da Terra (CPT).

A CPT destacou que a pesquisa foi encomendada pela Vale, mineradora que tem sido alvo dos protestos dos sem-terra. “A sociedade não está alheia, mas tem tido a mídia como único canal de leitura dos movimentos. A mídia tem associado as organizações camponesas à violência e ao crime”, disse Dirceu Fumagalli, da coordenação da CPT.

A Sociedade Rural Brasileira apontou a mídia como causa de 40% dos entrevistados entenderem que os proprietários reagem ilegalmente às invasões. “Existe falta de informação”, protesta o presidente da Sociedade, Cesário Ramalho.


Gazeta do Povo.

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