domingo, 22 de junho de 2008

Motoristas embriagados matam nas estradas

No primeiro dia de lei seca nas estradas de cidades brasileiras, após a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a projeto que proíbe venda de bebidas alcoólicas nas rodovias federais, a combinação fatal entre direção e álcool voltou a fazer vítimas. A falta de equipamentos básicos dificulta o flagrante em motoristas embriagados.

A menina Amanda, de 3 anos, foi enterrada na tarde deste sábado em São Leopoldo, região metropolitana de Porto Alegre. Ela estava em um carro que capotou na sexta-feira na periferia da cidade. Quem dirigia era Messias Assunção de Barros, o pai dela. Testemunhas disseram que ele bebeu:

- Infelizmente, estava meio embriagado. É difícil dizer isso, mas... - disse Joel Policarpo.

A mãe da menina estava no veículo e teve ferimentos leves. No velório, ela defendeu o marido, levado para o presídio central:

- Um bom pai, é trabalhador, e nunca abandonou ela. Ele sempre fez tudo por ela. Não é justo o que estão fazendo com o acidente. Isso podia acontecer com qualquer pessoa - afirmou, sem conseguir negar o óbvio quando perguntada se ele tinha bebido:

- Eu acho que sim - limitou-se a dizer.

Segundo a polícia, o motorista, que não tinha carteira de habilitação, se negou a fazer o teste do bafômetro e foi encaminhado ao Departamento Médico Legal, que atestou a embriaguez.

Aos parentes, o pai afirmou que após buscar a filha na creche tinha ingerido dois copos de uma bebida à base de cachaça. O acidente aconteceu a apenas duas quadras da casa da família.

- Ele não tem intenção, mas ele assume o risco. Ele teria que presumir que com aquela quantidade de álcool estaria embriagado, que ele não teria condições de dirigir e, conseqüentemente, poderia ter cometido o acidente - afirmou João Bancolini, delgado que está à frente das investigações.

Na tarde deste sábado, no noroeste do Paraná, um motorista bêbado invadiu um bar e também matou uma criança de 3 anos. Sete pessoas ficaram feridas. Ataliba Felizardo foi preso em flagrante.

Perguntado o que bebeu, respondeu:

- Conhaque

- Quanto que o senhor bebeu?

- Duas doses - disse.

No primeiro dia de tolerância zero para quem está alcoolizado ao volante, a Polícia Rodoviária Federal não divulgou o número de operações nas estradas:

- Manteremos essa fiscalização rigorosa, pois acreditamos que com a fiscalização rigorosa e uma legislação rígida nós consigamos melhorar esse trânsito brasileiro - afirmou o delegado Alessandro Castro, da Polícia Rodoviária Federal do RS.

Mas a falta de infra-estrutura dificulta o flagrante. No estado do Rio, são 20 bafômetros e apenas sete funcionam. Para a polícia, seriam necessários ao menos 60. os equipamentos serviriam para punir motoristas infratores e evitar acidentes como o que deixou cinco feridos na saída de um baile funk na Zona Oeste da cidade na madrugada deste sábado.


O Globo.

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