segunda-feira, 2 de junho de 2008

Mãe que deixou bebê dentro de carro estava alcoolizada, diz polícia

SÃO PAULO - A mãe do bebê de nove meses, deixado sozinho dentro de um carro e levado por ladrões, estava alcoolizada, segundo a polícia, que fez exame de dosagem de álcool. Rosângela Lopes, de 25 anos, promotora de eventos, admitiu ter bebido cinco ou seis latas de cerveja durante uma festa de aniversário, mas acredita que foi uma fatalidade.

- Eu errei sim, confesso. Não devia ter deixado Mateus sozinho no carro aberto. Mas também tive muito azar, porque foi tudo tão rápido. Não tinha como prever - disse Rosângela, que trabalha como promotora de eventos.

Na madrugada de domingo, Rosângela deixou a criança dentro do veículo, com as chaves na ignição, e saiu para chamar o namorado, Carlos Augusto, de 33 anos, que conversava em uma padaria. Quando voltou, o carro havia sido furtado com o bebê dentro. Ela diz que não levou nem dois minutos.

- A gente acalmou a criança, que chorava quando os policiais chegaram. O veículo estava aberto e com as chaves na ignição - diz o tenente Ferreira Jr., que encontrou o veículo abandonado no bairro do Capão Redondo, também na zona sul de São Paulo.

O bebê, Mateus Lopes, foi achado no Capão Redondo, dormindo no banco de trás do Escort, que foi abandonado pelos ladrões.

De acordo com o boletim de ocorrêncioa, registrado no 102ºDistrito Policial, no Socorro, por volta de 5h25m Carlos, Rosângela e o bebê passavam pela Avenida Robert Kennedy, em Interlagos, quando o rapaz viu um amigo e resolveu parar o Escort para cumprimentá-lo. Os dois foram então a uma padaria tomar cerveja. Rosângela e o filho ficaram no carro, do outro lado da avenida.

À polícia, Rosângela disse que, por causa do frio que fazia à noite, decidiu descer e chamar o namorado para irem embora. O carro, porém, ficou destrancado, com a chave no contato. Ao retornar, ela levou um susto. O casal começou a andar pelas ruas do bairro à procura da criança e do carro, mas as poucas pessoas que passavam pelo local nada tinham visto. Desesperados, procuraram a polícia.

Cerca de 30 minutos depois, Rosângela e Carlos foram informados que o carro havia sido recuperado na Avenida Professora Eunice Bechara de Oliveira, no Capão Redondo.

A promotora de eventos protestou contra o tratamento que recebeu dos policiais, que tiraram a criança dos seus braços e teriam dito que ela estaria bêbada.

- Eles não tiveram a menor sensibilidade com a minha dor. Disseram que eu abandonei meu filho, que eu não sou mãe de verdade. Os policiais me trataram muito mal, não deixaram nem eu dar um abraço no meu filho, que berrava. Mas eu não estava bêbada, estava muito nervosa por causa da situação e entrei na delegacia gritando. Devo ter tomado, durante o churrasco, umas cinco ou seis latas de cerveja - disse Rosângela, acrescentando que foi chamada de 'relapsa' pelos policiais.

A mãe da criança deve responder por abandono de incapaz, cuja pena pode ser de até 3 anos de prisão. O bebê foi encaminhado para a Vara da Infância e da Juventude. O juiz deve decidir o desti no da criança.

A criança foi deixada pelos ladrões e não apresentava nenhum tipo de ferimento aparente. A PM chegou até o veículo por denúncias de vizinhos. O carro só teve o rádio furtado e o estepe furado. Até a noite de domingo, a polícia não tinha pistas dos assaltantes.

Rosângela afirmou que vai procurar um advogado para ter seu filho de volta.

- Vou lutar pelo Mateus até o fim do mundo, não aguento a possibilidade de ter meu filho longe de mim. Sou uma mãe cuidadosa, meu filho nunca dormiu fora de casa. Ele deve estar chorando muito, com fome - disse.


O Globo.

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