terça-feira, 24 de junho de 2008

Lula reitera indenização a familiares

Em meio a um clima de consternação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou de uma reunião de quase uma hora, no Palácio da Guanabara, com cinco familiares dos três jovens mortos pelo tráfico, após serem entregues a gangues inimigas por militares do Exército que acompanhavam o andamento das obras do projeto Cimento Social no Morro da Providência, no Rio.

Lula disse que considera "injustificável" a presença de homens do Exército em "uma obra terceirizada", já que os trabalhadores são da comunidade, e os únicos militares seriam dois engenheiros.

O presidente decidiu receber os familiares dos rapazes para ouvir o outro lado da história, já que tomou conhecimento da maior parte do caso apenas pelo Ministério da Defesa. Na avaliação do presidente, "são muito diferentes as versões" sobre a forma como os jovens foram abordados, presos e entregues para as facções rivais.

Na conversa com as famílias, o presidente reiterou a disposição do governo em pagar uma indenização aos familiares das vítimas.

Mas, apesar do discurso aparentemente contrário à atuação das Forças Armadas no Morro da Providência, Lula concordou com o fato de o Ministério da Defesa ter pedido à Advocacia-Geral da União (AGU) para entrar com recurso na Justiça a fim de garantir que os militares permaneçam na favela, dando proteção a quem trabalha na obra. Até quinta-feira, a Justiça decide se a redução dos militares foi suficiente ou se devem deixar definitivamente o morro. À medida que o Exército se retira do morro, a Polícia Militar aumenta o efetivo na favela.

O inquérito que apura, no âmbito estadual, o assassinato de três jovens do Morro da Providência, envolvendo 11 militares do Exército e traficantes do Morro da Mineira, será remetido para a Justiça Federal. O pedido do Ministério Público Federal (MPF), feito na sexta-feira passada, foi aceito pelo juiz Sidney Rosa da Silva, da 3ª Vara Criminal do Tribunal do Júri. No final da tarde de ontem, ao receber do promotor Marcos Cak a denúncia contra os militares por triplo homicídio triplamente qualificado, o magistrado se declarou incompetente para julgá-los.

"Se é Brasil, é bom", diz Lula

Durante a cerimônia de 50 anos da fábrica da Bayer em Belford Roxo, na baixada fluminense, Lula brincou, dizendo que a empresa venderá menos aspirinas no país porque os brasileiros terão menos dores de cabeça. E fez referência ao slogan da empresa:

- Se é Brasil, é bom.


Entenda o caso:
Ao amanhecer do dia 14 de junho, três jovens - David Wilson Florêncio, 24 anos, Wellington Gonzaga da Costa, 19 anos, e Marcos Paulo da Silva Correia, 17 anos - presos por militares em serviço no Morro da Providência foram entregues a traficantes do Morro da Mineira. Os três foram mortos.


Zero Hora.

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