sexta-feira, 27 de junho de 2008

Justiça retoma caso de suposta cocaína em mamadeira

Na época, mãe de bebê foi presa e agredida por detentas; laudo comprovou inexistência de cocaína.

Seis testemunhas de acusação serão ouvidas nesta quinta-feira, 26, pela Justiça no Fórum de Taubaté, no Vale do Paraíba, no caso da dona de casa Daniele Toledo do Prado, acusada de colocar cocaína na mamadeira e matar a filha. Três laudos do Instituto de Criminalística de São Paulo comprovaram que Daniele Toledo do Prado, hoje com 23 anos, não colocou cocaína na mamadeira da filha Vitória do Prado Iori Carvalho, que morreu em 29 de outubro de 2006 em Taubaté, no Vale do Paraíba. Mesmo assim, a jovem pode ir a Júri Popular e dois anos depois ainda responde por homicídio triplamente qualificado.

Daniele vai acompanhar os depoimentos do delegado que fez a prisão, Juarez Totti, e também da enfermeira e da médica que estavam no Pronto Socorro de Taubaté e levantaram a suspeita da cocaína, já que na mamadeira havia uma substância branca, assim como na boca da criança. As testemunhas serão ouvidas pela primeira vez pelo juiz Marco Antonio Montemor, da Vara do Júri da Comarca de Taubaté. Depois será marcada a data para que as testemunhas de defesa também se pronunciem. Só então o juiz vai decidir se levará Daniele para julgamento ou não.


Em janeiro deste ano, a advogada de Daniele, Gladiwa Ribeiro, pediu no Tribunal de Justiça de São Paulo o trancamento do processo, que foi negado. O caso foi denunciado pelo promotor publico Felipe José Zamponi Santiago, que também vai acompanhar o depoimento das testemunhas. Mesmo com os três laudos que comprovam a inexistência do entorpecente, o Ministério Publico manteve a acusação contra Daniele, por homicídio triplamente qualificado. O MP só pode se manifestar depois de terminada a instrução criminal, que compreende o depoimento das testemunhas de acusação e de defesa.

Daniele ficou 37 dias presa sob a acusação de ter matado a filha. Hoje, faz tratamentos de saúde, pois no dia em que foi presa acabou agredida por detentas da cadeia feminina de Pindamonhangaba e teve ouvido e olhos feridos. Por conta das agressões sofridas, move uma ação de indenização contra o Estado. "Esta ação é sigilosa, não podemos comentar, mas já foi protocolada sim", diz a advogada. Daniele não gosta de dar entrevista, pois até hoje, quando aparece na mídia, acaba sendo provocada na rua por pessoas que não acreditam em sua inocência. "Ela ainda chora bastante, não superou a perda da filha e nem as acusações", conta Gladiwa.


Estadão.

Nenhum comentário:

Pesquisar este blog