Um soldado do Exército morreu na madrugada deste sábado após ser atropelado e arrastado por cerca de 15 quilômetros na saída de uma festa de rodeio em Campo Grande (MS). O motorista, que já tinha dois mandados de prisão em aberto, fugiu do local.
Segundo o delegado Márcio Custódio, da Depac (Delegacia Especializada de Pronto Atendimento Comunitário), testemunhas contaram que, por volta de 0h30, o motorista Fagner Gonçalves, 25, que apresentava sinais de embriaguez, acelerava e soltava fumaça do escapamento de uma picape F-4000 em frente à saída do parque do Lageado, local do rodeio.
A multidão que deixava o local, disse Custódio, reclamou da atitude e vaiou o motorista, que deu marcha a ré contra o público, atropelando Leandro Alves da Silva, 19. Com o impacto, ele caiu e ficou preso ao eixo traseiro da picape, que arrancou em alta velocidade com quatro pessoas na caçamba.
Ainda segundo o delegado, testemunhas avisaram o motorista sobre o soldado que estava preso ao carro, mas ele ignorou os alertas e continuou acelerando.
"Amigos da vítima seguiram a picape por meio de rastros de sangue e detritos orgânicos. O corpo, desfigurado, foi encontrado em uma zona rural a 15 quilômetros do local da festa, por volta de 1h", disse Custódio.
Para tentar se desvencilhar do corpo, segundo o delegado, o motorista passou por estradas vicinais de terra, em vez de usar vias expressas de asfalto. "Na estrada próxima ao local onde o corpo foi abandonado, havia marcas de ziguezague no chão, como se o motorista tentasse se livrar do corpo a todo momento. Por que ele não optou por uma rota de fuga convencional?", questionou.
Sem autorização
O Depac só encontrou a picape às 10h, por indicação de vizinhos do local onde o corpo fora abandonado, no distrito de Coronel Antonino. O carro estava em um haras onde o suspeito trabalha. Segundo relato do dono do carro à polícia, Gonçalves só tinha autorização para guiá-lo de um haras do grupo a outro, levando ração para cavalos.
O irmão do suspeito, Flávio Gonçalves, 27, depôs à polícia e confirmou que o motorista chegara ao haras por volta de 1h, contando que havia atropelado uma pessoa após o rodeio. Em seguida, teria pegado roupas e fugido.
Custódio afirmou que um advogado de Gonçalves entrou em contato com a delegacia ontem e disse que o suspeito iria se entregar neste domingo.
O caso será investigado pelo 5º Distrito Policial de Campo Grande. O motorista poderá responder por homicídio doloso (com intenção de matar), pois, segundo testemunhas, ele sabia que o soldado estava debaixo da picape antes de arrancar.
Se for considerado homicídio simples, a pena prevista é de 6 a 20 anos de reclusão. O suspeito, porém, já era foragido da Justiça, com dois mandados de prisão em aberto --um por não pagar pensão alimentícia à ex-mulher e outro por lesão corporal. Com isso, a pena pode ficar entre 12 e 30 anos.
Folha Online.
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