quarta-feira, 18 de junho de 2008

Jobim diz a moradores da Providência que crime não ficará impune

Por determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, visitou o Morro da Providência nesta terça-feira, conversou com moradores e prometeu que a morte dos três jovens da comunidade não ficará impune. Jobim chegou a tomar café na casa da tia de um dos rapazes assassinados. O ministro, no entanto, não deixou claro se o Exército vai permanecer no morro, que fica na Zona Portuária do Rio, mas afirmou que as obras sociais vão continuar. Jobim se referia ao projeto desenvolvido pelo Ministério das Cidades, em parceria com o Exército, chamado Cimento Social, que pretende reformar as casas da comunidade. Na Providência, o ministro pediu desculpas às mães das três vítimas.

- Quero dizer que, quando cheguei aqui, ouvi a expressão uníssona de vocês clamando por justiça. Tenham todos vocês, líderes comunitários e em especial as mães, parentes e namoradas desses rapazes, o nosso compromisso na busca por justiça para que paguem pelo que fizeram. É compromisso assumido - discursou Jobim usando um microfone, para depois abraçar e beijar as mães do três jovens assassinados.

Em conversa com a tia de uma das vítimas, Jobim garantiu que o crime não ficará impune:

- Não vai ficar impune. Eu vim aí para isso mesmo - disse ele

General também pede desculpas

De manhã, o general Mauro César Lorena Cid, da 9ª Brigada de Infantaria Motorizada, também pediu desculpas, numa reunião, às mães dos três jovens. As desculpas não devem impedir, porém, que as famílias entrem na Justiça para pedir indenização pelas mortes. As mães não quiseram falar com a imprensa, mas o advogado que as acompanhava, José Roberto Oliveira, informou que as famílias vão entrar na Justiça contra a União e devem pedir quase R$ 1 milhão por vítima.

Na mesma reunião, operários decidiram retomar as obras do projeto Cimento Social na Providência, que estavam paradas desde segunda-feira. Os trabalhadores, com tarja preta nos braços, concluem até amanhã serviços inacabados em 20 casas, mas só vão continuar o projeto em mais 682 residências se os militares deixarem a favela. Apesar dos protestos, tropas do Exército continuam ocupando o morro, com o efetivo reforçado. Havia informações de que mais 250 militares estavam nesta terça na favela para visita do ministro.

Tarso Genro não apóia Forças Armadas na segurança pública

Ao comentar a morte dos três rapazes,entregues por soldados e oficiais do Exército a bandidos da Mineira, o ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou que as Forças Armadas não são aptas a atuar na segurança pública. Segundo o ministro, esta visão é a do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e é também majoritária na sociedade. Tarso garante que as Forças Armadas vão tomar duras providências para punir os responsáveis pelo crime.

O ministro da Justiça disse que ainda não houve solicitação para que a Força Nacional de Segurança entrasse no caso, mas lembrou que ela já atua no Rio de Janeiro em apoio à Polícia Militar. Segundo Genro, há um contingente da Força Nacional pronto para atuar caso seja solicitado. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou "profunda indignação" com a morte dos jovens .

Vereradora entra com petição por retiradas das tropas

A vereadora Liliam Sá (PR), presidente da Comissão da Criança e do Adolescente da Câmara, deu entrada em uma petição, no Ministério Público, nesta terça, para que as tropas do Exército saiam do Morro da Providência, a fim de evitar novos confrontos. Os moradores também não querem o Exército no local.


O Globo.

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