segunda-feira, 16 de junho de 2008

Indígena de 12 anos é morta por outras duas jovens em MS

Uma índia de 12 anos foi atacada e morta a golpes de facão por duas outras índias de 14 e 15 anos, segundo a Polícia Civil. O crime ocorreu na madrugada de ontem, durante um baile na aldeia Limão Verde, das etnias guarani e caiuá, em Amambai (382 km de Campo Grande).

De acordo com a polícia, as adolescentes confessaram o crime e estão apreendidas na delegacia na cidade, à espera de uma decisão da Justiça. A vítima, Lívia Martins, foi encontrada nua, com vários cortes no pescoço, fratura no crânio e a mão direita quase decepada.

As agressoras afirmaram, segundo a polícia, que o ataque foi motivado por um desentendimento ocorrido no baile. Disseram que agiram sob efeito de álcool e que, por isso, não se lembravam de detalhes do crime.

Um morador da aldeia disse ter ouvido gritos por socorro, mas teve medo de intervir.

Um agente da Polícia Civil, que pediu para não ser identificado, disse que, neste ano, atendeu a cinco casos de homicídio e a três suicídios na Limão Verde. "Quase toda semana ocorre algum problema mais sério. O consumo de bebidas alcoólicas é muito alto." O agente se disse "impressionado" com o comportamento das garotas ao relatar o crime. "Estavam rindo, tranqüilas, com se tivessem matado um cachorro."

Em 2007, segundo dados da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), o número de assassinatos de índios em Mato Grosso do Sul cresceu 214% em relação a 2006 -de 14 para 44 mortes. Os suicídios subiram de 40 para 42 casos, um aumento de 5%.

Um terço dos homicídios e todos os suicídios ocorreram em áreas das etnias guarani e caiuá. A maior parte --a Funasa estima um percentual superior a 90%-- ocorreu dentro das próprias aldeias e foi motivada por brigas entre os índios.

Só no sul do Estado, são 40 mil índios, distribuídos por 30 mil hectares. Em Dourados, 13 mil índios ocupam pouco mais de 3.500 hectares. Confinados, eles têm se valido de cestas básicas do governo. A desnutrição infantil foi a causa da morte de quase 50 crianças da etnias guarani e caiuá desde 2005.

A superintendência da Funai (Fundação Nacional do Índio) no Estado informou que os episódios de violência têm estreita relação com o agravamento das tensões e conflitos por terra.

O Centro de Direitos Humanos Marçal de Aquino disse que enviará uma equipe de advogados para acompanhar o caso. Segundo o presidente na entidade, Paulo Ângelo de Souza, as adolescentes que confessaram o crime estão sujeitas às mesmas sanções previstas no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). "É preciso lembrar que, da mesma forma, elas também têm os direitos previstos no ECA, como o de cumprir eventuais sanções em estabelecimento próprio para crianças e adolescentes."


Folha de São Paulo.

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