terça-feira, 3 de junho de 2008

HIV atinge 65% menos bebês que previsto

Programa de Curitiba investe em exame pré-natal e orientação às mães para reduzir número de recém-nascidos com vírus da Aids.


Um projeto da prefeitura de Curitiba conseguiu fazer com que, em 2007, o número de bebês que nasceram com o vírus HIV fosse 65% menor que o esperado. O programa ampliou o número de mulheres que fazem o exame pré-natal, o que permitiu que fossem identificadas mais mães portadoras do vírus, às quais foram dadas orientações sobre remédios e risco de contaminação pelo leite materno.

Chamado Mãe Curitibana, o programa, implantado desde 1999, foi um dos 20 ganhadores da segunda edição do Prêmio ODM Brasil, que selecionou práticas que ajudam o Brasil a avançar nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM, uma série de metas socioeconômicas que os países da ONU se comprometeram a atingir até 2015). A premiação foi coordenada pela Secretaria Geral da Presidência da República, em parceria com o PNUD e com o Movimento Nacional pela Cidadania e Solidariedade.

Em 2007, Curitiba registrou 1.048 casos de gestantes soropositivas. Pelas estimativas médicas, é esperado que, sem nenhuma intervenção, entre 20% e 30% das crianças nasçam infectadas pelo vírus. Logo, a expectativa era de que entre 120 e 200 bebês curitibanos nascessem com HIV. Porém, o número de fato registrado foi 42, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, responsável pelo programa.

O órgão avalia que o ponto fundamental para esse resultado foi a ampliação do número de gestantes com acesso ao pré-natal nas unidades básicas de saúde. Com isso, mais mulheres fizeram o ao exame que diagnostica o vírus HIV e puderam receber tratamento e orientações especiais para sua gestação. “Elas foram orientadas sobre o uso de medicação, inclusive para o bebê, e sobre a impossibilidade de amamentar, devido ao risco de contaminação”, conta a diretora do Centro de Informação em Saúde, Raquel Cubas.

O programa tem quatro fases: pré-natal e planejamento familiar, parto, pós-natal e atendimento ao bebê. A primeira tem o objetivo de aumentar o acesso ao pré-natal, que é feito nas unidades básicas de saúde, e dar orientações às mulheres sobre métodos anticoncepcionais. “Com o programa, 83% das gestantes iniciaram o pré-natal antes do quarto mês, o que é um percentual muito alto”, avalia a diretora.

As ações relacionadas ao parto visam vincular a gestante a uma maternidade. Antes do programa, era comum que as mulheres não soubessem em que maternidade dariam à luz. Com o programa, a gestante é direcionada para uma maternidade especifica assim que inicia o pré-natal. “São organizadas visitas das gestantes aos hospitais, para que elas conheçam as instalações. Isso as deixa mais seguras”, conta Raquel.

A terceira fase do programa, direcionada ao pós-parto, consiste em marcar duas consultas para a mãe e para o bebê — uma até o décimo dia após o nascimento e outra até o quadragésimo. A maternidade é que marca a consulta, que deve ser feita na unidade de saúde em que a mulher realizou o pré-natal.

A quarta fase do programa visa garantir cuidados médicos especiais ao bebê, incluindo consultas, exames e vacinas, além de oferecer orientações às mães sobre cuidados com o recém-nascido e com a amamentação. “O objetivo é sempre reduzir a mortalidade infantil. E para diminuir a mortalidade é preciso de mães bem informadas”, afirma Raquel.


PNUD.

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