domingo, 1 de junho de 2008

Decisões inadiáveis da vida adulta

Crise, indecisão, sensação de tempo perdido... Há uma fase na vida – mais ou menos entre os 30 e 40 anos – em que é preciso olhar para frente, fazer escolhas e admitir que o futuro já começou. A mudança pode significar transformações profundas

Chega uma hora na vida em que é possível olhar para a frente e para trás. Os planos da juventude que pareciam tão grandes e inatingíveis, como concluir uma faculdade, casar e ter filhos, já estão consolidados. A casa e o carro também foram comprados e a vida segue seu rumo.

Chegou a idade adulta. Com ela, a hora de organizar o resto da vida, ou mesmo de tomar decisões antes que seja tarde demais. “Essa fase é um ponto de partida para várias reflexões. É quando a pessoa começa a repensar a vida, pois se descobre mais perto da finitude”, diz a psicóloga Elizabeth Vangysel Franck.

Qual é a hora certa para pensar em um plano de aposentadoria, uma mudança na carreira? Em decidir deixar alguma coisa para os filhos, ou mesmo definir o rumo de um casamento que está gerando angústias? É possível – e necessário – pensar em tudo, menos em estacionar.

O caminho para a aposentadoria

O aumento da expectativa de vida está fazendo com que as pessoas pensem no futuro de forma diferente. A aposentadoria não é mais sinônimo de chinelo no pé. Na faixa dos 60 a 65 anos, homens e mulheres têm a possibilidade de passar 20 anos, ou mais, aproveitando a vida ativamente. E para isso é preciso estabilidade financeira. Mas há que se ter em mente que a aposentadoria já não é mais um encargo público. “Não importa a classe, quem procura hoje fazer um plano de previdência não quer depender de ninguém para viver a terceira idade”, diz o superintendente do HSBC Seguros, Fernando Moreira.

A pergunta que deve ser feita na hora de decidir aplicar em um plano de previdência complementar é qual a vida que se deseja ter quando se aposentar. “O que mais motiva as pessoas hoje a adquirir um plano é querer manter o padrão de vida que levam. Desejam ter, lá na frente, uma reserva pessoal complementar do que receberão do governo”, diz Moreira.

Seguro de vida

Existe uma idéia geral de que um seguro de vida serve para deixar uma família rica, caso haja a morte do titular. Mas para as empresas de seguro, essa idéia precisa ser revista. “Na verdade serve para propiciar condições para que a família se reestruture em um período de dois anos. É o tempo para a viúva aprender um profissão, ou os filhos se estabilizarem em um emprego melhor”, diz o presidente do Clube de Seguro de Pessoas e Benefícios do Estado do Paraná (CVG), Silvio Antonio de Azevedo Pereira.

Normalmente essa modalidade de seguro é procurada por homens entre 35 e 45 anos, que são casados, têm filhos e que pensam na possibilidade da crise financeira que pode ocorrer se algo acontecer com eles. Mas não são somente pais que pensam nos filhos no momento de contratar um seguro de vida. “Temos cada vez mais pessoas com 65 anos, que são avós assumindo a criação dos netos, adquirindo seguro”, diz Pereira.

Carreira: mantenha-se no páreo

Aos 35 anos você pode estar vivendo seu apogeu produtivo no trabalho ou estar em franca decadência. Isso depende de vários fatores, inclusive de personalidade, diz o consultor de gestão e carreiras Gildo Erzinger.

A maior parte dos profissionais procura preparar-se para um cargo de gestor ou supervisor da empresa no anseio de salários mais altos. O problema é que as companhias têm poucos cargos de chefia e muitas não têm planos de cargos e salários que contemplem aqueles que não têm o perfil para o comando e gestão de pessoas. Então, é comum que funcionários atinjam um grau em que almejam melhor salário, mas estão impossibilidatos de avançar. Acabam estressados e frustrados.

Para Erzinger, o importante é estabelecer metas e descobrir sua vocação. Com dez anos de formado, se o profissional não prestar a atenção no caminho percorrido pela carreira, pode estagnar-se. A dica é: cuide da saúde de sua carreira, para que ela não adoeça. “Se a pessoa cuidar da sua carreira, sempre vai ter empregabilidade, que não é necessariamente um emprego, mas empregar seu conhecimento para gerar trabalho e renda.” (DN)

Com a saúde em dia

A maioria das pessoas só pensa na saúde quando está doente. Ou têm aquele impulso de fazer um check-up para resolver numa só tacada a falta de prevenção de anos a fio. Definitivamente essa não é a melhor forma de cuidar do corpo. Ir ao médico uma vez por ano, se não houver nenhum problema nesse tempo, é o indicado para não levar sustos. O médico, de preferência um clínico geral, fará um acompanhamento tendo como ponto de partida o histórico da saúde dele e da família. Com isso pode levantar fatores de risco. E se for necessário ir além no cuidado, o clínico vai indicar um especialista.

No Brasil, segundo o IBGE, as doenças que mais atingem os adultos são hipertensão – 22% da população brasileira com mais de 30 anos têm a doença – e o diabete, que atinge 11% da população com mais de 40 anos. “O melhor modo de promoção da saúde é a prevenção. É o que dá mais possibilidade de ter uma vida longa com qualidade”, diz a médica Ana Maria Cavalcanti, coordenadora do programa de Saúde do Adulto e Idoso da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba.

Manter-se longe do álcool e do tabaco, além de ter uma atividade física regular é um conselho sempre ouvido e que deve ser levado mais a sério a partir dos 20 anos. “Quando se é criança, ou adolescente, naturalmente a pessoa se movimenta mais. O adulto abandona o movimento, passa mais tempo sentado, não caminha mais, ficando cada vez mais sedentário”, diz Ana Maria. Ela lembra que a saúde também envolve a boca e a mente. Além de ir ao dentista regularmente, é preciso arranjar tempo para o lazer, para que as pressões do dia-a-dia não afetem a saúde mental.

Corra Luiz, corra!

O aposentado Luiz Silva, 64 anos, é um bom exemplo de como planejar o futuro e garantir uma vida melhor. Quando tinha 34 anos, resolveu mudar sua alimentação e parou de comer carne. Hoje é lactovegetariano. Nunca se preocupou com a morte, mas também nessa época resolveu fazer um seguro de vida para deixar a família tranqüila financeiramente por um tempo, se algo acontecesse com ele. Há dez anos, passou a correr diariamente. De formação militar, descobriu que o treinamento do Exército é pouco parecido com a rotina de um corredor. Alongamentos e corridas diárias fizeram de Luiz um maratonista. Sua casa é repleta de medalhas e a mais importante é sempre a última. A da vez é o segundo lugar na categoria dele da 3ª Ultra Maratona 24 horas, realizada no mês passado em Curitiba. (DN)



Quem poupa tem!

Se você está perto dos 30 anos, é bom começar a pensar no futuro de suas finanças

- A faixa etária que mais procura hoje os planos de previdência privados é entre 30 a 45 anos, ainda longe da época da aposentadoria.

- A reserva futura também pode ser feita depositando mensalmente o dinheiro em uma caderneta de poupança, ou contas de investimento. O gerente da sua conta pode indicar a melhor aplicação.

- Imóvel é outro bom investimento. Além da liquidez, pode trazer a garantia de aluguel.


Pense nisso

Quando o seguro de vida é mais requisitado

- De acidentes pessoais – a partir de 18 anos pelo risco de acidentes, principalmente de trânsito.

- De vida – quando está com a família constituída, perto de 35 anos.

- Por invalidez (caso de doença que impede a atividade de trabalho) – perto dos 20 anos, quando entra no mercado de trabalho.

Fonte: CVG


Você na direção

Conforme o consultor de carreiras Gildo Erzinger, para manter-se competitivo é preciso tomar alguns cuidados

Devagar e sempre

Mudar de rumo e de carreira pode resolver suas angústias no trabalho, mas é um passo que deve ser bem analisado. “O mercado é exigente e quer experiência”, diz Erzinger. Muitas pessoas, diz o consultor, estão sempre incomodadas e qualquer coisa as abala, as faz pensar em mudar, em dar guinadas. Isso parece ser sempre a solução para o problema.

Outro perigo

É culpar a empresa por sua carreira ruim. “Muitos dizem que a empresa não paga cursos. E eu pergunto: por que você não investiu? É você quem tem de cuidar da carreira, não a empresa. A carreira é como um patrimônio. Se cuidar bem dela, terá empregabilidade sempre”, diz Erzinger.

Competências

1 - Técnica

Obtida na faculdade

2 - Intelectual

Que deve ser sempre aprimorada, não somente com cursos de pós-graduação, como também com leitura e conhecimento em geral. Para o currículo hoje não bastam cursos e sim o resultado prático que eles proporcionam na carreira.

3- Comportamental

O profissional que não tem postura ética, valores e bom relacionamento com os colegas de trabalho pode se prejudicar. “A pessoa é contratada pela competência técnica e demitida pela comportamental”, diz Erzinger.



No mínimo

Cuidados básicos de saúde do adulto

Vacina

De 20 a 30 anos de idade deve ser tomado ao menos uma dose da dupla viral (sarampo e rubéola).

Exames principais

Físico

Para maiores de 18 anos. Verificar peso, altura e pressão, anualmente.

Colesterol

Homens com mais de 45 anos e mulheres com mais de 55 devem fazer o exame a cada três anos.

Glicemia

Homens com mais de 45 anos e mulheres com mais de 50 devem fazer o exame a cada dois anos.

Prevenção ao câncer

Mulheres com vida sexual ativa devem fazer o exame preventivo de câncer de cólo do útero anualmente. Homens acima de 45 anos devem fazer exame de prevenção contra câncer de próstata anualmente.

* Além desses, pessoas que têm tendência para alguma doença, devem fazer outros exames periodicamente, que serão indicados pelo médico.

Fonte: Duncan, B. Bruce, Medicina Ambulatorial – Condutas de Atenção Primária Baseada em Evidências (2004).


Gazeta do Povo.

Nenhum comentário:

Pesquisar este blog