quarta-feira, 11 de junho de 2008

Celular pode ser arma contra a pobreza

Telefonia móvel já é usada para prestar serviços aos pobres, mas potencial pode ser mais explorado, defende evento em São Paulo.

Os telefones celulares, cada vez mais difundidos, podem ser uma ferramenta importante na gestão pública por meios eletrônicos e na assistência a pessoas pobres. Serviços de mensagens de texto (SMS) e portais de voz (comunicação falada) já são usados por governos e organizações não-governamentais — sobretudo em países da África e da Ásia, e mesmo em alguns locais do Brasil —, mas têm potencial para crescer ainda mais, segundo especialistas reunidos num encontro internacional realizado nesta semana em São Paulo.

Os dados mais recentes da UIT (União Internacional de Telecomunicação, um braço da ONU) estimam que em 2006 havia 2,685 bilhões de usuários de celular no mundo. No Brasil, de acordo com a PNAD (Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios), 65,3% da população tinham telefone celular em 2006. Nas famílias com renda de até 10 salários mínimos, a proporção era de 61,7%.

"Essas tecnologias podem ser uma ferramenta muito útil para atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e na oferta de serviços pelo Estado para população mais carente", afirma o oficial de programa do PNUD Fausto Alvim, um dos palestrantes no seminário Tecnologias Móveis: seu papel na Promoção do Desenvolvimento Social, que terminou na terça-feira (03/06). "Mas ainda se discute a melhor maneira de usar os celulares como solução", acrescenta.

Organizado pela W3C — consórcio de empresas de tecnologia que discute padronizações e protocolos para a rede mundial de computares —, o seminário teve o PNUD entre os patrocinadores e reuniu palestrantes de várias partes do mundo para apresentar experiências e discutir formas de disseminar a assistência aos mais pobres por meio de telefone celular.

Há experiências nessa área em diversos países em desenvolvimento, particularmente na Índia e em alguns países da África. Elas usam os telefones celulares como plataforma de entrega de serviços a comunidades rurais e pessoas pobres. As iniciativas abrangem agendamento de consultas médicas, serviços financeiros e em educação. Um dos casos apresentados no evento é a possibilidade, em algumas regiões remotas da China, de os pais registrarem recém-nascidos por meio de mensagens de texto.

O UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), por exemplo, realiza um trabalho de monitoramento de crises na África por meio de celular. "As pessoas mandam mensagens de SMS, que são captadas por uma rede do UNICEF. Quando acontece algum tipo de emergência, eles mandam pessoas para o local, normalmente aldeias de difícil acesso e comunicação", conta Alvim. "As mensagens permitem ao fundo da ONU, por exemplo, saber se acontece uma epidemia entre as crianças, algum tipo de massacre, problemas de fome e de desnutrição em regiões remotas da África."

Uma das questões centrais do encontro foi como padronizar tecnologias. Hoje, como as empresas nem sempre usam tecnologias similares de SMS, a troca de mensagens entre celulares de marcas diferentes às vezes fica truncada. Outro problema é o preço dos aparelhos que oferecem internet móvel. "A maioria dos celulares que dispõem da tecnologia de internet móvel é muito sofisticada, muito cara. Os fabricantes incluem nos aparelhos com esses serviços vários produtos supérfluos, como câmera e MP3, que encarecem muito o aparelho", afirma o oficial do PNUD.


PNUD.

Nenhum comentário:

Pesquisar este blog