quinta-feira, 19 de junho de 2008

Aluno espanca professora em sala de aula em Ribeirão Preto (SP)

A professora de português Paula Aparecida Alves, 37, foi agredida na tarde de anteontem com socos e pontapés por um aluno de 14 anos, da 7ª série do ensino fundamental, na escola estadual Professor José Lima Pedreira de Freitas, na Vila Virgínia, em Ribeirão Preto (interior de São Paulo).

De acordo com o relato da professora, o aluno a ofendeu após ser repreendido por atrapalhar a aula. Quando estava sendo retirado da sala por uma inspetora da escola, o estudante se soltou e deu dois socos no rosto da professora. Paula tentou correr, mas foi derrubada e levou chutes no estômago.

O aluno foi contido por colegas e professores. Um boletim de ocorrência foi registrado na Delegacia da Infância e Juventude. O garoto chegou a ficar detido por algumas horas, mas foi liberado após a chegada de familiares. Paula passou por exame de corpo de delito no IML (Instituto Médico Legal), que confirmou as agressões

Em solidariedade à colega, os professores da Pedreira de Freitas se recusaram a dar aulas ontem de manhã enquanto o aluno agressor não saísse da escola --ele voltou ao prédio com a mãe para conversar com o diretor da escola, que lhe aplicou uma suspensão.

Ontem, em meio à uma bateria de exames em uma clínica particular, Paula, que é professora há 12 anos, disse que pensou em desistir da profissão e falou que pretende processar o garoto. "Ele me ameaçou, disse que vai me matar. Eu pedia para ele parar de me bater, gritava por socorro, mas ele não parava. Foi terrível", disse a professora, que passa bem.

Segundo Mauro da Silva Inácio, conselheiro estadual da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), o garoto tem um histórico de indisciplina.

O menino disse à reportagem que não se arrepende e que agrediu a professora porque ela ofendeu sua mãe.

A mãe do estudante, de 32 anos, confirmou que seu filho já teve problemas anteriores com outros professores. "Com 9 anos, ele tentou agredir uma professora. Com 13, ele chegou a empurrar uma diretora de escola. Não sei mais o que fazer."

O NAI (Núcleo de Atendimento Integrado) está acompanhando o caso, que foi entregue à Vara da Infância e Juventude de Ribeirão.

Professores, pais e alunos vão se reunir amanhã, na frente da escola, para protestar contra este e outros casos de violência nas escolas públicas da região.

Em nota, a secretaria afirmou que o conselho da escola vai se reunir nos próximos dias para discutir o futuro do aluno.

Não foi o primeiro caso de agressão na escola. Em novembro de 2001, um aluno se desentendeu com a diretora da escola que, após sofrer uma agressão, chamou a polícia. Sobrou também para os policiais: um teve a farda rasgada e outro, os óculos quebrados.

Segundo dados da Secretaria de Estado da Educação, caiu em 17% o número de agressões de alunos a professores em todo o Estado. Em 2006, foram registrados 217 casos de agressão física e, no ano passado, 180.


Folha de São Paulo.

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