domingo, 1 de junho de 2008

Adolescente é presa fácil do cigarro e brigar não adianta

Este sábado (31) é o Dia Mundial Sem Tabaco e a Organização Mundial de Saúde escolheu o jovem como alvo especial desta campanha. O motivo é simples: os adolescentes são uma presa fácil do fumo e quase nunca percebem que deveriam parar.

“As conseqüências do fumo são de longo prazo. O adolescente e o jovem adulto não sentem nada de errado e, por isso, acham que não têm por que parar”, explicou ao G1 o médico Sérgio Ricardo Santos, coordenador do Núcleo de Apoio à Prevenção e Cessação do Tabagismo (PrevFumo) da Universidade Federal Paulista (Unifesp).

O problema é que a maioria dos adolescente não fica viciado no cigarro. Eles fumam por que querem. Não parar aumenta as chances de acabarem dependentes na vida adulta.

A Organização Mundial de Saúde recomenda a inviabilização de estratégias da indústria de tabaco que apelem aos jovens, como embalagens coloridas, sabores diferentes e patrocínios para eventos como shows e esportes.

Sérgio Ricardo Santos recomenda que se faça uma campanha para evitar que o jovem acenda seu primeiro cigarro. E o trabalho deve começar em casa.

Como evitar que o jovem fume

O adolescente busca o cigarro como forma de auto-afirmação, segundo o especialista. “Ele está em uma idade em que busca a própria identidade, coisas que o definam como parte de um grupo ou como não parte de um grupo. Se ele enxergar no cigarro algo que deixe claro essa posição, ele vai fumar”, explica Santos.

Como evitar então que um filho comece a fumar? Uma receita bem simples ajuda bastante: bom convívio familiar e pais não-fumantes. “O jovem só vai querer se afastar da família se não houver um bom convívio. Se ele sabe que os pais não querem que ele fume e há conflito, ele vai fumar, é rebeldia. Mas se o convívio dentro de casa é bom, o convívio com os amigos é bom, o diálogo existe e ninguém fuma por perto, cigarro nem vai passar pela cabeça dele”, afirma o médico.

É claro que nem sempre é fácil manter toda essa harmonia dentro de uma casa com um adolescente. Mas os pais precisam fazer esse esforço. Além disso, não fumar é fundamental. “O convívio em casa pode ser excelente, se os pais fumares as chances do jovem fumar aumentam muitíssimo”, diz o especialista.

O que fazer com um jovem que já fuma

Quando os pais percebem que o filho começou a fumar, a receita é simples: não brigue. “Discutir e implicar não adiantam absolutamente nada. Só vão aumentar a ansiedade e ansiedade faz fumar mais”, aconselha Santos. Mandar ou obrigar o adolescente a parar faz menos efeito ainda. “Pedagogicamente se sabe que mandar só funciona até os oito, dez anos de idade. A partir daí, o jovem pensa sozinho e se não concordar, não vai obedecer. Com adolescente, o que funciona é argumento”, diz o médico.

O caminho? Diálogo. “A primeira coisa a fazer é reconhecer que essa é uma decisão do jovem, e, por mais ruim que seja, uma decisão à qual ele tem direito. Não adianta discutir. Depois é explicar todos os problemas que fumar causa. ‘Eu entendo, a decisão é sua, eu não vou te forçar a parar, eu só me preocupo com a sua saúde por causa disso, disso e disso”, explica Santos. Além dos problemas de saúde, vale ressaltar o que fumar faz com a aparência, que importa muito nessa idade. “Principalmente para as meninas. Fumar envelhece mais rápido, estraga a pele, estraga os dentes. Tem que contar tudo isso.”

Muitas vezes só essa conversa já desarma o adolescente. Se ele começou a fumar como ato de rebeldia, o fato do pai não brigar já tira o propósito da coisa.

Se ele continuar fumando, é preciso paciência. A regra do “não brigue” continua. De tempos em tempos, é preciso oferecer informação. “Sempre que ver uma reportagem sobre problemas do fumo, discuta. Histórias de amigos que têm problemas. Lembre, informe, sempre com tom de preocupação e não com tom de bronca. Deixe que ele saiba que a decisão de parar é dele e que quando ele parar você irá apóia-lo”, explica Santos.


Gazeta do Povo.

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