quinta-feira, 12 de junho de 2008

Acesso às armas de pequeno porte aumenta violência

A violência na América Latina e no Caribe, que reflete as desigualdades sociais vividas na região, chegou a níveis epidêmicos: 42% do número total de homicídios no mundo acontecem nos países da região. A violência, que afeta de maneira grave a infância, é alimentada pela fácil disponibilidade de armas de pequeno porte.

Em uma declaração divulgada este mês de junho, o diretor regional do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) para América Latina e Caribe, Nils Kastberg, disse que erradicar o comércio ilegal de armas pequenas é componente crucial na luta contra a violência armada, mas não é o único.

"Presenciar a violência no lar ou ser vítimas do abuso físico ou sexual pode condicionar as crianças ou adolescentes a ser vítimas ou perpetradores da violência armada", acrescentou. O Caribe tem as maiores taxas de homicídio entre adolescentes de 15 a 17 anos de idade. Está ainda em primeiro lugar, no mundo, quanto às taxas de assassinato do conjunto da população.

Na Jamaica, nos últimos cinco anos, mais de 300 crianças foram assassinadas. De acordo com comunicado do Unicef, nos últimos três anos, as armas de foto foram responsáveis por quase metade desses assassinatos. Na Guatemala, em 2005, foram 418 assassinatos. Mas a violência no Caribe não apresenta sua cara só nos homicídios, mas numa rotineira violência física, sexual e psicológica.

Nas casas, escolas, nos sistemas de atenção e justiça, todos são espaços onde a violência alcança as crianças. Cerca de seis milhões de crianças e adolescentes da América Latina e Caribe sofrem abuso severo. São 220 vítimas, por dia, da violência doméstica. No Haiti, os seqüestros aumentaram demasiadamente. Nos primeiros cinco meses do ano passado, 31 crianças seqüestradas.

As crianças e adolescentes são mais vítimas que perpetradores da violência armada. Em alguns países da América Latina e Caribe, até 12% das vítimas de homicídio têm menos de 18 anos de idade, enquanto o número de adolescentes responsáveis de homicídios é, de aproximadamente, de 1%.

Para Kastberg, a violência armada, que envolve os jovens, reduz ou reverte o progresso econômico ao aumentar os custos dos serviços de saúde e sociais. As políticas para enfrentar a violência que afeta a infância necessitam de um aumento significativo do investimento social "em comunidades vulneráveis, onde as armas de fogo, aos poucos, se percebem como instrumentos de poder ilusórios".

Nesse sentido, é "de igual importância atacar as grandes lacunas de desigualdade social e econômica na região; os níveis de pobreza estão diminuindo em geral na América Latina e Caribe, mas durante a última década as disparidades aumentaram", disse o diretor geral da Unicef.


Adital.

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