quinta-feira, 29 de maio de 2008

Família do Marrocos é expulsa de banheiro onde morava

Uma família que vive em um banheiro público no Marrocos passou sete anos pedindo uma acomodação com mais higiene.

O apelo foi ignorado e Aze Adine Ould Baja teve que manter "Banheiros de Sidi" como endereço em seus documentos.

Desesperado para melhorar sua situação, Baja e sua mulher, Khadija Makbout, recentemente contaram a sua vida para um jornal local.

"Eu estava cansado da situação e estava ficando cada vez mais doente", disse Baja.

"Há muitas pragas no banheiro. Meu filho pequeno só tem sete meses, mas ele também é cidadão marroquino e merece uma vida melhor."

Mas poucos dias depois as autoridades locais bloquearam a entrada do banheiro com cimento e concreto.

Baja, sua mulher e seus três filhos agora estão impedidos de entrar na única "casa" que tinham.

'Menos de US$ 1'

O antigo morador do banheiro explicou que trabalhou como atendente no banheiro por 23 anos, ganhando menos de US$ 1 por dia.

"Como um homem casado pode alimentar seus filhos com um US$ 1 por dia?", perguntou ele.

Seus problemas começaram quando a sua filha foi seqüestrada, alguns anos atrás, e ele teve que vender tudo para tentar recuperá-la.

Ela acabou sendo encontrada, mas Baja não tinha mais recursos para continuar pagando seu aluguel e a família se mudou para o banheiro temporariamente.

Mas sem ajuda do governo local e sem dinheiro para alugar uma moradia, eles acabaram ficando no banheiro mesmo.

"Ratos estavam comendo e rasgando nossas roupas e eu temia que eles fossem ferir meu bebê. Eu estava dormindo perto do ralo."

"Eu pedi às autoridades um lugar para meus filhos viverem, mas elas não fizeram nada."

A mãe das crianças disse que elas eram alvos de chacota na escola por morarem no banheiro.

"Quando ele chegava em casa, chorava e perguntava por que vivíamos no banheiro", afirmou a Sra. Makbout.

Agora, sem emprego ou moradia, Baja está desesperado. "Meus filhos estão cansados de passar fome", disse ele.

"Eu tenho problemas de saúde e circulação ruim, então tenho que ir ao hospital cerca de três vezes por ano. Posso morrer a qualquer momento."

Com todos esses problemas, ele está pensando em deixar o Marrocos.

A família chegou a receber uma oferta para morar em uma casa, mas ela não tinha telhado.

No momento, a família está espremida na casa da mãe de Khadija Makbout. As autoridades prometeram uma casa à família, mas até agora nada aconteceu.

A BBC tentou falar com um representante do governo local a respeito da situação da família, mas ninguém estava disponível para uma entrevista.


BBC Brasil.

Nenhum comentário:

Pesquisar este blog