terça-feira, 29 de abril de 2008

Pai e madrasta de Isabella não vão fugir, diz advogado

Polícia Civil planeja encaminhar à Justiça, nesta terça-feira, o inquérito sobre a morte da menina Isabella.

O advogado Ricardo Martins afirmou nesta terça-feira, 29, que seus clientes, Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, indiciados pela morte de Isabella Nardoni, permanecem na casa da família Jatobá, em Guarulhos, na Grande São Paulo e descartou a hipótese de o casal deixar o Estado ou o País. "É especulação. O casal não vai fugir e, assim que convocado, comparecerá a todos os atos processuais", afirmou Martins ao deixar o 9º Distrito Policial (DP), na zona norte da capital paulista, acompanhado pelo advogado Rogério Neres de Sousa.

A dupla não informou o que foi fazer na delegacia que apura o caso Isabella. Reportagem do jornal O Globo afirma que o Ministério Público de São Paulo está investigando informação de que o pai e a madrasta de Isabella estariam planejando viajar para fora do Brasil. O casal já foi indiciado pela morte da menina, ocorrida no dia 29 de março. A Polícia Civil planeja encaminhar nesta terça o inquérito número 301/08 à Justiça. No relatório, os delegados Calixto Calil Filho e Renata Helena da Silva Pontes, do 9º DP, devem incluir pedido de prisão preventiva do casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, indiciados por homicídio doloso triplamente qualificado.

O promotor Francisco Cembranelli deve anunciar na próxima segunda-feira se denuncia ou não o pai e a madrasta de Isabella, cujo assassinato completa hoje um mês. Ele disse que possui elementos para oferecer a denúncia contra o casal e deve aceitar o pedido de prisão preventiva. Após a denúncia, caberá ao juiz do 2º Tribunal do Júri da Capital, Maurício Fossen, aceitá-la ou não.

Investigadores ouviram mais de 65 pessoas. Mas as principais provas contra os acusados estão nas 83 páginas do laudo final elaborado pelo Núcleo de Crimes Contra a Pessoa do Instituto de Criminalística (IC). O Estado teve acesso à íntegra do documento que colocou Nardoni na cena do crime. Além de confirmar a tese da acusação, fotos dão idéia do sofrimento de Isabella. Na folha 31, peritos apontam manchas de sangue no corredor e no batente da porta do quarto dos irmãos. Os vestígios se concentram na altura da maçaneta, sinal de que a garota pode ter sido sacudida.

O IC detectou digitais moldadas em sangue semelhantes a dedos de uma "pequenina mão". No lençol do quarto dos meninos foram encontrados sinais de sangue de uma mão infantil. Como a origem é controversa, os peritos preferiram não atribuí-la a ninguém. Mas a suspeita é de que seja a mão de Pietro, de 3 anos. "Os legistas não encontraram sangue nas mãos da vítima e não havia sinais de que tinham sido limpas antes de ela ter sido jogada", disse um perito.

A defesa não definiu se vai pedir habeas-corpus preventivo para evitar a possível prisão do casal. Rogério Neres de Sousa, um dos advogados, disse que, se o casal for denunciado pelo Ministério Público, a defesa questionará a investigação. "Todas as provas periciais e depoimentos podem ser submetidos ao crivo do contraditório", afirmou. Ontem, a polícia apresentou as chaves do apartamento e do Ka de Alexandre, apreendidas no início das investigações. Há a suspeita de que uma delas teria sido usada para ferir a testa de Isabella. Os peritos simularam a agressão com a chave tetra do apartamento e concluíram que o ferimento é compatível.

Na época da morte, a defesa afirmou que Anna havia perdido a chave do apartamento dias antes do crime. O objeto que feriu Isabella não foi encontrado. A chave apresentada ontem era a cópia que a família fez após a suposta perda.


Estadão, 29/04/2008.

Nenhum comentário:

Pesquisar este blog