sexta-feira, 11 de abril de 2008

''Fui disciplinadora'', diz empresária






Silvia Calabresi admitiu ter agredido L., de 12 anos; promotor pedirá acareação entre ela e doméstica.

A empresária Sílvia Calabresi Lima, de 42 anos, confessou ontem ter praticado atos de maus-tratos contra L., de 12, que estava sob sua guarda nos últimos dois anos. "Fui uma mãe zelosa e disciplinadora para a L.", disse, em depoimento ao juiz José Carlos Duarte, da 7ª Vara Criminal de Goiânia, no primeiro dia de julgamento do caso. Ela afirmou que chegou a dar "safanões e empurrões", confirmou ter usado alicate - e disse que "até prendeu os dedos" da menina na porta. Mas alegou inocência em relação a cárcere privado e tortura.

Antes do início do julgamento, Sílvia, que deixou a cela de 4 m² na Casa de Prisão Provisória algemada, em camburão sob escolta, foi vaiada por funcionários do Tribunal de Justiça, ao chegar ao prédio. No corredor da Vara Criminal, levou empurrões e sofreu tentativas de puxão de cabelo por alunos de Direito.

A empresária foi contestada pela doméstica Vanice Maria Novais. "Ela (Sílvia) ameaçava matar minha filha se não fizesse (as agressões à menina)", disse ela, que informou ser obrigada a "registrar" todos os procedimentos contra a garota num diário. "Vou pedir uma acareação entre a empresária e a empregada", disse o promotor Cássio de Souza Lima, responsável pela acusação. "Elas entraram em contradição e deixaram claro que cometeram os crimes juntas."

O tempo entre a revelação do caso de maus-tratos e o começo do julgamento foi rápido. O promotor encaminhou a denúncia em prazo recorde de apenas um dia e, diante da gravidade do caso, disse que, no máximo, em 110 dias espera que os envolvidos estejam condenados.

O advogado João Carvalho de Matos, que atua na defesa da empresária, disse que vai pedir laudos periciais psiquiátrico e psicológico de Sílvia, numa tentativa de atenuar as acusações. Ele quer convencer o juiz de que existem duas Sílvias, "uma mãe zelosa e dedicada e outra com problemas psiquiátricos".

O marido da empresária, Marco Antonio Calabresi, de 42 anos, seu filho, Thiago Calabresi Lima, de 24, e a mãe biológica da menina, Joana D?Arc da Silva, de 40 anos, invocaram o direito constitucional de permanecerem calados.


Estadão, 10/04/2008.

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