segunda-feira, 31 de março de 2008

Nem sempre os réus julgados pelos traficantes nas favelas conseguem escapar com vida

RIO - Nem sempre os réus conseguem sobreviver aos julgamentos dos tribunais do tráfico nas favelas do Rio, como foi o caso de B, como mostra reportagem publicada no jornal "O Globo" desta segunda-feira. O garoto de 15 anos, que roubava dentro da própria comunidade, ia ser morto quando o pastor Marcos Pereira, da Assembléia de Deus dos Últimos Dias, intercedeu para salvá-lo . A pena de morte foi convertida em exílio. O pastor Marcos tem uma legião de assistentes que funcionam como mediadores de conflitos em centenas de favelas, da Nova Holanda ao Complexo do Alemão, da Chatuba ao Amarelinho.

- Conseguimos tirar da morte de 30% a 40% dos condenados - diz o pastor.

Leia a análise de Jorge Antonio Barros no blog "Repórter de crime"

Cenas como a do tribunal do tráfico reveladas pelo GLOBO deste domingo chocam, mas não surpreenderam pesquisadores, advogados e pessoas que estudam a violência no Rio. A maioria deles afirmou que elas são fruto da ausência do poder público nas comunidades, que acabaram dominadas pelo narcotráfico. O presidente da OAB-RJ, Waldih Damous, disse que o sentimento de se fazer justiça com as próprias mãos não é exclusivo de áreas pobres:

- Tribunais de exceção acontecem como rito nessas comunidades, mas o sentimento de se fazer justiça com as próprias mãos aparece em outros lugares, até na classe média. Esse sentimento traduz uma desconfiança com as instituições públicas, uma descrença no poder do Estado, no Judiciário.



Fonte: Folha Online, 31/03/2008.

Um comentário:

Anônimo disse...

Evidente caso de desrespeito aos direitos básicos do cidadão brasileiro. Esse fato remete ao passado, no qual as sociedades simples com seus métodos peculiares solucionavam casos sem o auxilio do Estadao, considerando que o mesmo era inexistente ou ineficiente ainda.
Nota-se uma sociedade dentro de outra sociedade, ou seja, nos locais onde a sociedade fica à margem da sociedade compreendida pelo Estado comçem a utilizar dos próprios recursos para organizar a convivência.
Certo ou errado este método só demonstra que o erro maior é do próprio Estado, pois caberia ele o poder coersetivo, com sua auorização tácita, delegou poderes aos que menos deveriam tê-los ou respresentá-los.
Ao governo que assiste inerte á violação mais grave de todas o descumprimento do contrato para viver em sociedade, ou a formação de outro Estado subjugando o Estado anterior e sua força.

Pesquisar este blog